sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Masjid Al Aqsa


Esta é a Mesquita Al Aqsa, na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, na Palestina.

A Esplanada das Mesquitas localiza-se na área do Templo de Jerusalém e existe uma grande confusão provocada pela imprensa no mundo inteiro à respeito dela, porque muitas pessoas acham que a Mesquita Al Aqsa não é esta, mas sim a Mesquita Al Sakhrah, localizada na mesma área, também conhecida como o Domo da Rocha, retratada logo abaixo.

A Mesquita Al Aqsa é a terceira mais importante mesquita e um dos locais mais sagrados do Islam.

Masjid Al Sakhrah - Domo da Rocha


E esta é a Mesquita al Sakhrah, conhecida também como o Domo da Rocha, uma mesquita muito retratada porque a sua cúpula dourada se sobressai sobre a paisagem de Jerusalém. Dentro dela está localizada a rocha relacionada com a ascenção aos céus do Profeta Muhammad (que a paz e as bençãos de Deus estejam sobre ele).

Eu vou aproveitar o post para falar um pouco mais sobre mesquitas.

Muitas pessoas que não são muçulmanas pensam que a mesquita é a "igreja dos muçulmanos". Mas na verdade a mesquita é muito mais do que isto, ela é um centro de convivência, um centro de estudos, de oração, onde ouvimos o sermão da sexta-feira e onde fazemos as orações em congregação.

A mesquita sempre está aberta a todos, se você tem curiosidade e quer aprender mais sobre o Islam, sobre muçulmanos, é um local indicado para ir.

Recomenda-se apenas o uso de roupas mais adequadas como mangas compridas, roupas mais folgadinhas como batinhas indianas para a mulheres e o uso do véu, se você não tiver um véu e quer ir à mesquita, em geral há na mesquita véus para serem usados pelas mulheres.

Eu tenho notado que as irmãs que são novas na religião (não sei quanto aos irmãos) sentem um pouco de receio de ir à mesquita logo de início e curiosamente eu senti este receio no começo.

Vou tentar descrever o que aconteceu comigo. Eu fiz a minha Shahada no dia 17 de outubro e segui a recomendação de não querer mudar toda a minha vida de um dia para o outro, então aos poucos fui promovendo adaptações e alterações em meu dia-a-dia e em meus hábitos.

Assim foi com roupas, com o uso do hijab, com as 5 orações diárias, e também com a frequência à mesquita.

Mas eu sou tímida. Muito tímida! Embora aparentemente talvez não pareça ser eu sou sim =O... então eu precisei me preparar para ir pela primeira vez à mesquita mas ao mesmo tempo mesmo depois de ver vídeos no Youtube e ler textos que falavam que a mesquita era aberta a todos eu ainda não me sentia confortável porque tinha receio de:

a) cometer alguma gafe (e sendo tímida isto seria terrível);

b) ser vista como "intrusa" - não sei porque mas senti isto.

E então fui me preparando me preparando até o dia em que uma irmã de fé, que se tornou uma amiga querida muito importante para mim, me convidou para ir com ela à Mesquita do Pari.

E foi realmente um dia muito especial para mim, porque eu me senti acolhida e bem recebida, e desde então eu frequento sempre a Mesquita do Pari.

Então é assim: vá a mesquita. Se você acaba de se tornar muçulmana e ainda não foi, vá sim porque é importante ir, fazer parte da Ummah, e é muito gratificante estar entre pessoas que compartilham com você a mesma fé, e os mesmos ideais.

Se possível peça a uma irmã mais experiente para te acompanhar, mas se não conhecer uma irmã para te acompanhar vá mesmo assim, tenho certeza de que será um dia único e, assim como eu senti, você vai sentir que é de fato parte de uma grande Nação, a Nação Islâmica.

Mas se você não é muçulmano e quer conhecer de fato o Islam e saber mais sobre a religião e sobre nós, muçulmanos, vá também, eu garanto que você será sim muito bem recebido.



quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

De onde eu vim?


Eu venho da morte, eu vim do túmulo, eu vim da noite preta e fria, gelada com suas tempestades e tormentas, eu vim da escuridão, eu estou caminhando a muito tempo, não é este blog uma partida, mas sim a chegada, é do véu negro da noite que eu vim, aquele que foi rasgado pela luz de uma linda manhã, e que me trouxe até aqui.

Se você está chegando agora, e observa este canto novo, estas páginas puras e recentes de Luz e paz, pode achar que esta história começou a ser escrita aqui, pode achar que nada há antes disto, mas este não é meu primeiro livro, este é o Livro da Luz, escrito depois que o Livro das Sombras foi concluído...

Este que aqui se apresenta é o livro escrito com água, mas antes dele houve já um livro escrito com sangue e lágrimas, com dor e angústia, em meio a chamas de uma vela perdida e sufocada na escuridão.

Eu vim da não-existência, venci a morte em vida, e me encontrei então imersa na Luz.

Eu vim de longe, e me despedacei no caminho, perdi para isto muitas pétalas que foram arrancadas de mim, mas eu venci e nasci renovada.

O que se apresenta aqui é a luz depois da madrugada! É o início de uma nova manhã, que foi por muito tempo sonhada, por muito tempo desejada, que muitas vezes se apresentou como sonho impossível em meio a trovões e ondas escuras da noite escura e violada, tão impossível quanto era continuar a viver, tão impossível quanto seria conseguir respirar...

O que se apresenta aqui é o verdadeiro dia, mas para ele raiar, houve antes uma longa e tenebrosa noite...

Eu venho de uma jornada, de uma peregrinação profunda para dentro de mim...

Eu venho de uma longa e perigosa viagem, na qual encontrei finalmente eu mesma, na qual cresci, aprendi, morri, e depois renasci...

Engana-se quem pensa que esta história veio do nada, engana-se quem pensa que não houve muita dor para chegar a este lugar.

Eu vim da morte, do fim para o começo, do túmulo para o berço, eu renasci...

Este é de fato o derradeiro começo, porque nunca mais haverá a noite traiçoeira, porque nunca mais haverá outra morte tão devastadora assim.

Este é de fato o porto de chegada, de onde eu começo de fato a minha caminhada na luz, porque eu vou morrer muçulmana! Escreva com ferro em brasa estas minhas palavras!

Porque como muçulmana eu vou até o fim de meus dias... esta é a Luz! E não as trevas de onde eu vim...

Masjid Al Nabawi


Linda foto da Mesquita do Profeta em Madina - Arábia Saudita, Masjid Al Nabawi, uma das grandes e mais importantes mesquitas do mundo todo...

Os cinco pilares do Islam


Se tem uma coisa com a qual eu me preocupo muito, esta é a Dawah.

Dawah é a divulgação à respeito do Islam, e é obrigação de todo muçulmano realizar esta divulgação. Eu acho este um aspecto muito importante e que deve ser levado sempre em consideração, principalmente se você é uma mulher muçulmana!

Porque?

Simples, porque nós quando estamos em público, na rua, em ambientes externos à nossa casa, em termos de referência visual somos as primeiras a ser reconhecidas como pessoas que têm o Islam como religião. Afinal nosso modo de vestir nos define como tal. Sempre estamos cobertas, usando hijab ou outro tipo de véu sobre a cabeça, com roupas com as quais se espera que uma muçulmana esteja vestida, e deste modo somos diretamente associadas ao Islam.

Isto significa que existe aí, além do nosso direito de nos cobrir, além da nossa opção, além da beleza que muitas pessoas enxergam em nossos véus e roupas, também uma responsabilidade a ser sempre levada em consideração!

Afinal quando eu estou na rua, em público, sou eu e sou também a representação da minha religião, acabo representando perante o outro o próprio Islam!

Ou seja, meu modo de me portar, minhas ações, o modo como eu falo com outras pessoas, são associados diretamente ao Islam. Se me porto mal, não vão apenas falar de mim, mas de todos os muçulmanos, de todas as minhas irmãs e irmãos. Do mesmo modo se eu só pratico boas ações, se me porto de maneira lícita e correta, então na visão do outro é também ponto positivo para o Islam.

Portanto em minha humilde visão, quando me porto bem, quando sou simpática, quando só pratico boas ações, estou também praticando uma de minhas obrigações enquanto uma muçulmana que sou: a Dawah.

Conversar também sobre, explicar corretamente, atender à solicitação de explicação das pessoas, acolher o outro que quer saber sobre o Islam, também é praticar a Dawah.

Ser atenciosa e paciente com as pessoas que levantam questões à respeito do Islam em comunidades islâmicas do orkut é outra maneira de praticar a Dawah, acho que precisamos sempre nos lembrar disto nas comunidades: ter paciência, estarmos dispostos a explicar sim, mesmo que seja para alguém cujas intenções são duvidosas, mesmo que façam perguntas maliciosas com a intenção de criticar ou difamar, mas quando você responde com simpatia, de forma pacífica, com paciência e de forma assertiva, correta, você ganha a razão para você, mostra que realmente ser muçulmano é ser diferente, e está divulgando sim afinal não é só aquela pessoa que vai ler, outras pessoas lerão o que você escreve na comunidade, é importante lembrar disto.

Outra forma de se fazer a Dawah é como eu faço e outros irmãos e irmãs queridas fazem: escrever sobre o Islam em nossos blogs e sites.

É o que eu faço aqui, mesmo que meu blog seja islâmico por consequência (afinal a dona do blog é muçulmana), no fim é de fato Dawah também.

Então, importante lembrar disto: praticar a Dawah é obrigação de todo muçulmano, e é importante seguir esta orientação da forma mais correta possível.

Bem, depois de tudo isto, vou falar um pouquinho à respeito dos 5 pilares do Islam.

Temos no Islam os 5 pilares da prática da religião e os 6 pilares da fé. Estes eu falarei sobre eles em um outro tópico.

Quais são os 5 pilares do Islam? São os seguintes:

01. Shahada - é o testemunho de fé. É feito no ato da reversão ao Islam e sempre. É quando damos o nosso testemunho, quando expressamos a nossa fé em Allah como o Único Deus, o Único digno de adoração, e em Muhammad (que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) como seu último mensageiro, o Selo da Mensagem de Allah.

02. Sallah - são as nossa orações diárias. É quando temos um momento com Allah, um momento de louvar a Allah. São 5 orações diárias à saber:

Fajr - a oração da aurora, feita antes do nascer do Sol;
Dhur - a oração do meio-dia, feita após o Sol passar a metade do disco celeste;
Asr - a oração da tarde, feita antes do início do crepúsculo;
Maghrib - a oração do crepúsculo, feita antes da noite cobrir o céu;
Isha - a oração da noite, recomenda-se que se realize esta oração antes da meia-noite.

Em geral existem os horários para o Azan, a chamada da oração. Nos países onde a maioria da população é de muçulmanos é algo realmente lindo ouvir o Azan ecoar em toda a cidade, e um dia espero estar lá para ouvir porque até hoje só vi em vídeo, o Azan é entoado como um canto.

03. Zacat - a caridade. recomenda-se praticar sempre a caridade, mas o Zacat está relacionado diretamente à caridade do fim do ano, quando se destina 2,5% do ganho anual para a caridade. É importante esclarecer dois pontos: o primeiro deles é que o Zacat é destinado para uma pessoa necessitada de livre escolha da pessoa que faz a caridade. Pode ser também destinado à uma associação que se encarrega de distribuir benefícios, mas também pode ser feito de forma aleatória, se a pessoa conhece alguém que é necessitado e quiser ajudar com o Zacat, está correto. Sempre de forma anônima, sutil, é de fato com a intenção de ajudar, praticar o ato de caridade, distribuir o que Allah nos dá.

04. Ramadan - observar o jejum durante o mês de Ramadan. Não colocar nada na boca, nem comida, nem bebida, nem cigarro, nada, desde o nascer do sol até o poente. O Ramadan é o mês sagrado para nós muçulmanos, e o jejum é mais do que ficar sem comer e sem beber, é o jejum da língua também, das intenções, não basta não comer, e não beber, se não controlamos nossas atitudes, se não purificamos nossa alma, se não purificamos nossas ações.

05. Hajj - todo muçulmano deve, ao menos uma vez na vida, fazer a peregrinação á Meca, e visitar a Qiblah, ou Caaba, a Casa de Deus, o primeiro santuário erguido por Ibrahim e Ismail (Abraão e Ismael). Isto se: tiver condição financeira para tal, e tiver saúde para empreender tal viagem.

Estes são os 5 pilares do Islam.

E de todos eles, apenas um é mais rígido, a obrigação de fazer as 5 orações diárias.

Todos os outros são maleáveis, mesmo dentro do Sallah existe a maleabilidade, sempre levando em consideração a pessoa.

o Hajj deve ser realizado quando a pessoa puder, e se ela puder. Da mesma forma o Zacat também é realizado se a pessoa tiver condições. Se uma pessoa se encontra enferma e não pode realizar os movimentos da oração (rakáh), ela pode rezar deitada em seu leito, e assim por diante.

O Islam é a fé racional, e não sem razão.

O Islam é a religião que facilita, que é simples, direta. A intenção é FACILITAR, e não COMPLICAR.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Solitude...


Tenho medo de meus pensamentos quando eu fico muito quieta...

Tenho medo quando sinto algo me revirando por dentro e uma necessidade imensa de escrever, mas nada aparece em minha mente, e nada consigo escrever.

Em momentos assim eu sei o que acontece, é que algo precisa ser exteriorizado, colocado para fora porque está me machucando por dentro, mas ainda não há a síntese, a síntese da idéia, e então não consigo desabafar...

Quando eu escrevo é como uma febre! É como uma alucinação onde tudo acontece e as palavras que se parecem com pássaros de fogo soltos no vento em seu vôo aleatório, como em um passe de mágica começam a formar uma fila, e uma ordem, e então as palavras começam a formar frases no ar e tudo começa a fazer sentido, é assim que eu escrevo, é assim que eu crio!

Desta vez o que me deixou revirada é uma velha sensação, a sensação de estar sozinha! Porque muitas vezes eu me sinto assim, de fato deslocada de tudo e de todos no tempo e no espaço, como se estivesse em uma bolha de vidro, visitando épocas, as quais eu não pertenço, e mundos nos quais sou estrangeira, apenas uma mera observadora, uma passageira de uma viagem de trem enfim, olhando a paisagem passar e passar e passar pela janela...

Sabe eu tenho participado de algumas comunidades novas no orkut. Novas para mim, que fique bem claro! E tenho lido muito sobre diversos assuntos ultimamente e tenho observado muitas coisas ao meu redor.

E tem mais, eu tenho sido alvo de mensagens anônimas via mail e orkut, e até aqui através do meu blog em tentativas de comentários que eu não publico.

E tudo isto, tudo! Tudo o que eu tenho lido, todas as mensagens que eu recebo, estas em específico, geralmente enviada por pessoas que sequer teriam a coragem de se ver no espelho repetindo as palavras que escrevem (daí o anonimato e os perfis fakes não?), as atitudes de pessoas em comunidades, o que eu vejo na rua, o que eu vejo em todos os lugares, tudo isto tem me feito ficar impressionada, e triste, porque parece que o ser humano realmente é o único ser de toda a criação que, em vez de evoluir, involui!

Será esta a grande diferença entre humanos e animais? Será que involuir é o que pensamos que é a inteligência? Ou será uma consequência dela?

Porque tanta violência, intolerância, conflitos, embates, tentativas de depreciar o outro, porque tanto rumor destrutivo, mentiras, mesquinhês, hipocrisia? Porque tanta ganância? Porque tanta soberba por parte de alguns?

Sinceramente tudo isto me faz pensar que não sou deste mundo, não devo ser! E o pior é que quem não segue esta maré podre e tem consciência da pequenês de sentimentos assim é na verdade quem mais sofre! Porque sente! Porque tem a coragem de vivenciar seu sentimentos e sente dor pelo mundo estar assim...

Eu vejo irmãos matando irmãos. Vejo ofensas como resposta a calúnias, eu vejo pessoas se dizendo as donas da Verdade, alegando que a sua fé está errada e ela sim é uma pessoa de Deus, e para afirmar isto usar de VIOLÊNCIA MORAL, PSICOLÓGICA, FÍSICA, SOCIAL, PRECONCEITO, MALDADE E MENTIRAS, e ainda ter a coragem de dizer que só a sua fé é que é verdadeira! Como assim? Será que esta pessoa não é capaz de olhar para os seus atos e ver neles apenas as pegadas escuras da pura maldade e destruição? Onde está Deus em suas atitudes? ONDE?????

Eu vejo irmãos e irmãs perdendo suas casas, sendo trucidados, morrendo de fome e de sede, tendo suas crianças assassinadas e ainda caluniadas como se eles é que fossem os perpetuadores da violência, justo eles, as vítimas...

Eu observo tudo isto e fico sinceramente chocada, em estado de choque! Eu não pertenço a este lugar, sabe?

Eu recebo mensagens de cada psicopata! Não sei como alguém não tem vergonha de escrever as idiotices que me escrevem! Eu me sinto até ofendida porque parece que estas pessoas acham que eu sou IDIOTA! Porque é abusar da minha inteligência me forçar a ler as idiotices que me enviam!

Ao mesmo tempo eu penso: Como pode uma pessoa expor sua mediocridade assim? Poxa eu não sei nada porque sou sempre uma aprendiz mas eu sou estudante de psicologia, se não for o exposto acima só posso chegar à conclusão de que estas pessoas são casos clínicos graves, psicopatias profundas ou algo assim!

Em dias assim só me resta sentar na beira do lago e observar o mundo ao meu redor, ainda me sinto só... apesar de tudo me sinto só!

Me recolho em meu véu, me agasalho diante do frio do vento, e sozinha eu fico com meus pensamentos, ainda me sinto sozinha, ainda me sinto sozinha...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Eu sou de fato uma paulistana, ainda mais agora que sou muçulmana =D


Bem, agora eu vou falar de um assunto que é um tanto quanto perigoso para mim.

Aliás, um não, três assuntos, misturados em um post só aqui no meu cantinho, mas porque são assuntos perigosos? =O

Porque são assuntos pelos quais eu sou apaixonada, e costumo me empolgar =S e com isto pode ser que acabe escrevendo muito e viajando na história toda...

Por sinal, História é um destes três assuntos. Eu sou apaixonada por História, por Arqueologia, pela História de antigas civilizações, por todos os assuntos que cercam o tema HISTÓRIA.

Se for de São Paulo então, melhor ainda! Este é outro dos três assuntos. Sou uma paulistana apaixonada pela minha cidade. Sempre estudei sobre a história de São Paulo e modéstia à parte tenho gravada em minha cabeça o mapa exato da cidade em praticamente todas as épocas desde antes do surgimento da cidade: por exemplo, exatamente no lugar onde fica hoje a minha querida Mesquita do Pari era um campo de caça sazonal utilizado pela aldeia do Tibiriçá, aldeia esta que era de fato já uma metrópole indígena, muito antes da Villa de São Paulo de Piratininga surgir por estas bandas!

O terceiro assunto é o Islam. Bem, este sempre está presente e não preciso dizer o quanto eu sou apaixonada pela minha religião =), basta olhar o meu blog, ver minha foto, me ver pessoalmente, para perceber isto.

Mas, vamos lá, vou tentar resumir tudo.

Vamos olhar atentamente para a figura da bela moça retratada na gravura que está aí em cima, no começo do post. Será que dá para adivinhar ao menos algumas coisas dela? Por exemplo,onde será que ela vivia?

E estas distintas senhoras acompanhadas de uma menina aqui embaixo? De onde serão?


Se alguém se arriscou a dizer que são do Oriente Médio, errou.

Se as viu como muçulmanas, errou também! =O Não são, são autênticas paulistanas do século XIX!

Sim, isto mesmo, paulistanas! Mulheres da cidade de São Paulo! E não são muçulmanas!

Olha só que legal, eu uma paulistana apaixonada por São Paulo, muçulmana, me visto de forma semelhante à forma com que as mulheres da minha cidade se vestiam até o século XIX! E vou ficar mais parecida ainda, já que a minha intenção clara e minha meta é adotar de vez o chador, que se assemelha e muito a estas vestimentas usadas por estas moças nestas duas gravuras, e em outras inúmeras gravuras e pinturas da época, que retrataram o modo único de se vestir das mulheres de São Paulo, no Brasil todo! Só em São Paulo as mulheres se vestiam assim, era característica da cidade, até o século XIX.

Porque isto? Recato. Sim certamente. Se dar ao respeito, também, se preservar, também, ou seja os mesmo conceitos com os quais eu concordo e que me fazem me vestir também assim hoje em dia. Mas tem mais, vamos agora olhar para esta foto antiga da cidade de São Paulo.


Esta foto é uma foto da Rua do Rosário, no centro de São Paulo, atual XV de Novembro, retratada pelo grande Militão Augusto de Azevedo, o primeiro fotógrafo a fotografar a cidade, em 1862. Na verdade trata-se de uma parte desta foto, que retrata a rua inteira como era de seu costume.

Nela podemos ver no canto um casarão bem antigo, do século XVIII, que apresenta em seu segundo andar a presença de … muxarabis! Sim muxarabis, que são aquelas sacadas em madeira com treliça, de onde se pode ver o movimento da rua sem ser visto. Pois os muxarabis eram uma característica marcante nos casarões coloniais não só de São Paulo mas também do Rio de Janeiro, na verdade descrições da época anterior à chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil dão conta de que as cidades aqui se pareciam mais com cidades do Oriente Médio do que qualquer outras cidades. E isto porque? Influência direta de árabes!

E eu acho, não tenho certeza, que muito provavelmente estes árabes, sobre os quais nada ainda sei (mas vou ficar sabendo porque vou pesquisar sobre), deviam ser muçulmanos, e acabaram por influenciar também as vestimentas das paulistanas retratadas acima.

Mas eu ainda não sei direito sobre isto.

É sabido que o Islam está intimamente ligado ao Brasil desde o começo da colonização portuguesa por conta de africanos muçulmanos que aqui desembarcaram como escravos, e que isto acabou por lançar raízes islâmicas em toda a cultura brasileira. Encontramos elementos que têm influência islâmica na cultura afro-brasileira, no país todo, inclusive na Bahia.

Mas eu quero crer que houve no príncipio da formação da cultura brasileira outra leva de imigração islâmica para cá, já de árabes mesmo, porque só isto explicaria os muxarabis, que não existiam na áfrica, o chador das paulistanas, e outro fato conhecido historicamente: quando a família real portuguesa aqui aportou, percebeu esta “orientalização” presente no Brasil, e tratou de promover uma campanha de “re-europeização” do país! Não é mesmo um dado curioso?

Pois é, me sinto bem ao saber que, sendo muçulmana, estou honrando as raízes de minha querida São Paulo =)...

Salam!

=(... Mas eu sou MUÇULMANA, não sou CRISTÃ...


Estou sentindo na pele como é difícil não ser cristã em um país cuja maioria da população é cristã =S...

E é engraçado porque você fica pensando "Nossa estas pessoas me enxergam de fato ou eu apenas faço parte da realidade delas como uma personagem?"

Mas assim eu não estou criticando o Natal, nem quem é cristão, nada disto. =O

Mas como é difícil lidar, principalmente com pessoas das quais você gosta, ou tem alguma ligação, nesta época do ano.

Porque que as pessoas insistem em me desejar Feliz Natal? =(

Eu sou muçulmana! Nós não comemoramos o Natal!

E nem o Ano Novo! Nosso Ano Novo já passou, o Ano Novo do calendário islâmico já passou, e mesmo assim não temos por hábito comemorar o Ano Novo.

Aí eu fico pensando, é claro que desejo a todos que têm festas nesta época que tenham uma boa festa então, MAS EU NÃO TENHO!

E na rua também, outro dia estava em uma loja de roupas que eu frequento, fiz uma comprinha de batinhas e saias e a vendedora que me conhece me desejou Feliz Natal. Eu sempre estou de hijab, de roupinhas que se espera que uma muçulmana usa, é só olhar para mim e ver que sou muçulmana, porque isto?

Bem eu só precisava desabafar sobre isto. O mais difícil mesmo é quando você gosta da pessoa, ela é presente na sua vida, e te deseja um feliz natal.

Mais uma pérola colhida por uma muçulmana em suas andanças por aí...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Eu amo o Islam! =)

Olha só que bonitinho isto que eu achei! =) Eu tinha de colocar aqui no meu cantinho!
Uma linda imagem que mostra várias muçulmanas e sua diferentes maneiras de se vestir =)...

Atualmente eu me visto mais neste estilo aqui:

Mas também me visto como a do centro da figura, de saia roxa, batinha e hijab combinando com a saia.

Mas o meu objetivo agora é me vestir assim:

Assim que eu tiver chador eu me vestirei assim, é minha meta e escolha pessoal =), pode ser também como a outra que está de preto...

Bem eu gosto muito de pesquisar e ler na net, eu estava navegando no site do Portal ISLAMBr (http://www.islambr.org.br/) e encontrei lá uma matéria que me emocionou ao ler, porque mostra a verdade que há sobre nós mulheres dentro do Islam, e ler esta matéria me encheu de orgulho por ser muçulmana!

Aí eu resolvi escrever aqui, como um comentário baseado na matéria que se intitula "AS MULHERES MUÇULMANAS CONTINUAM A SUA JIHAD CONTRA A VIOLÊNCIA".

Nesta matéria, cujo link eu vou colocar no fim deste post, pode-se perceber que o Islam nos dá uma coisa muito simples e singela porém fundamental: dignidade.

É uma resposta clara às informações equivocadas e estereótipos enganosos que vemos na mídia todos os dias, e eu tenho certeza que muitas vezes temos de responder a perguntas baseadas neste grande equívoco, eu mesma apesar de recém revertida ao Islam já tive de fazer isto, porque se formos nos guiar pelo que a mídia diz, teremos a idéia errada de que o Islam é opressor em relação às mulheres, e isto é uma grande injustiça, um grande engano!

Porque o Islam deu à mulher desde o seu início, há precisos 1432 anos atrás:

01. O direito à individualidade e independência econômica - individualidade porque sempre fomos vistas como objetos e inferiores antes do Islam, como até propriedade, e o Islam surgiu afirmando que não, que a mulher é parceira completa e individual do homem porque tem os mesmos direitos e responsabilidades. Além disto, no Islam somos independentes economicamente porque desde o surgimento da religião foi estabelecido que podemos possuir bens, gerar negócio próprio e pai, marido, irmão e ninguém pode interferir nisto;

02. O direito à educação e à instrução - o Islam conclama os muçulmanos para a busca do conhecimento, desde o berço, até o túmulo! E não faz distinção entre os sexos, homens e mulheres têm o direito a educação e o dever de procurar construir o conhecimento. Este é um dever para todos os muçulmanos e muçulmanas. O Islam é uma religião que fomenta o estudo, basta ver o número de mulheres com PHD que existem no Oriente Médio hoje em dia por exemplo, o fato da Mesquita ser também um centro de estudos e cultura, e sempre foi assim, desde os tempos mais remotos, e o fato de que estudamos até mesmo sobre a nossa própria religião, sempre!

03. O direito à liberdade de expressão - a mulher tem voz! Sua voz e suas opiniões têm de ser sempre levadas em consideração. Se é obrigação da muçulmana se instruir, logicamente ela tem o direito a opinar e falar, e não há como alegar que sua opinião vale menos por ser a opinião de uma mulher. Há na história do Islam diversos relatos sobre a participação efetiva feminina inclusive  questionando e participando de discussões com o Profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele).

04. O direito à participação política e social - este tópico eu vou até copiar do artigo porque não encontrei melhor maneira de comentar: "Em toda a história do Islam há relatos suficientes que comprovam a participação da muçulmana nas questões públicas, nas funções administrativas, na erudição, e ensinamentos e mesmo nos campos de batalha ao lado do Profeta(SAAS). Não há no Alcorão ou na Sunnah qualquer texto que impeça a mulher de exercer qualquer posição de liderança. No Brasil, por exemplo, o voto feminino foi aprovado apenas em 1934." No Islam foi aprovado a mais de 1430 anos atrás.

05. O direito à herança - além de sermos consideradas independentes, recebemos do Islam o direito à receber herança. Antes do Islam as mulheres não só eram privadas deste direito, como na verdade faziam parte da herança como propriedades dos homens...

06. O direito da mulher ao divórcio - o Islam foi a primeira organização no mundo a dar à mulher o direito ao divórcio e à partilha de bens do casal! Isto repito, a mais de 1430 anos atrás! No Brasil, somente em 1977 a Lei do Divórcio diminuiu a injustiça e diferença entre homens e mulheres nesta questão.

07. O direito à sexualidade - totalmente ao contrário do que pensa a grande maioria das pessoas que não conhecem de fato o Islam, ele estabelece a sexualidade como um direito! E de forma igualitária para homens e mulheres. O sexo é expressão de amor, fonte de prazer, dádiva de Deus, e quando praticado de forma lícita, ou seja dentro do casamento, que é o que o Islam determina, até garantia de continuação da sociedade e da família, já que impede o ilícito que destrói.

08. O direito de vestir-se conforme os preceitos religiosos - este é um ponto que provoca muita confusão. Como muçulmana eu posso dizer claramente: COBRIR-SE É ANTES DE TUDO NOSSO DIREITO! Assim como tem mulheres que escolhem se expor e andar semi-nuas, nós ESCOLHEMOS nos cobrir e somos orgulhosas disto. O costume surgiu na época do Profeta Muhammad(SAAS), em uma realidade social em que as mulheres estavam expostas a todo o tipo de agressão (como se a coisa tivesse mudado muito rs...). Naquele tempo as que se cobriam davam um sinal claro de que não deviam ser molestadas porque eram mulheres de fé, muçulmanas. E isto perdura até hoje, porque eu posso dizer sobre a experiência, antes do hijab era devorada através de olhares desrespeitosos, mesmo sendo sempre casta em meu modo de me vestir, recatada. Ouvia cantadas infames e coisas assim. Depois do hijab o olhar em geral é de - RESPEITO. E é o que nós, muçulmanas, preferimos.

09. O direito ao direito - enquanto no ocidente as mulheres tiveram que travar uma verdadeira e louvável batalha, não sem derramamento de vidas e de sangue, para obter o direito a ter direitos, o Islam garantiu este acesso às mulheres desde o seu início.

Além disso somos protegidas, já que fazemos parte de uma grande Nação mundial, e existe um forte sentimento de proteção coletiva entre os muçulmanos: mexeu com um, mexeu com todos!

Estas são coisas que me fazem ter orgulho de ser muçulmana, e amar o Islam como de fato eu amo!

Existem lugares sim em que todos estes direitos claramente garantidos são negados.

Só que aí não é questão de religião, é questão de injustiça social, de sociedades que se dizem islâmicas mas se distanciam do Alcorão, da palavra de Deus, e da Sunnah, do Islam verdadeiro e original, como ensinado pelo Profeta Muhammad(SAAS).

É por estas e outras, que eu amo o Islam! =)

Ainda quero a minha...


A Fulla é uma linda boneca muçulmana que vem com tapetinho de oração, abayas lindas e hijab. Ela é uma resposta islâmica e mais apropriada do que a Barbie, tem uma história de vida como uma garota muçulmana e lindos acessórios e brinquedos completos.

Seu nome deriva de uma flor.

Ela é um sucesso de vendas em várias partes do mundo mas não tem no Brasil =(...

Eu quero uma. Conheço muitas irmãs que também gostariam de ter a boneca e dar a boneca para suas filhas.

Eu acabei escrevendo para a firma que fabrica a Fulla. Enviei um mail para eles contando que eu e muitas pessoas aqui no Brasil gostariam de ter a boneca, inclusive garotas que não são muçulmanas porque cada vez mais ela se torna comentada por aqui, basta ver a quantidade de comunidades sobre ela no orkut que estão surgindo...

Ainda quero a minha Fulla e vou conseguir inshallah =)

O "Milagre" da Rocha que Flutua

Eu estava navegando pela net e encontrei a história desta "misteriosa" rocha localizada em Jerusalém.


Segundo eu li, a foto se espalhou pela net como uma prova de um milagre de Allah, ou do Islam e muitas pessoas acreditaram nela, acho que até acreditam ainda...


Bem, o fato é que posteriormente foi comprovado que não só a foto é modificada quanto a pedra realmente existe e se encontra firmemente apoiada por pequenas rochas que lhe servem de base, ou seja, ISTO É UM FAKE.


Mas esta história toda me fez pensar...


Como é limitada a consciência do ser humano às vezes não? Porque existem pessoas que vivem correndo atrás de fotos ou comprovações de milagres, como se precisassem de algo assim para acreditar em Deus. Mas a fé é tão pequena, e a visão tão limitada, que não conseguem enxergar que basta olhar à sua volta, ou então para dentro de si, que estão mergulhadas em um imenso milagre, em algo maravilhoso, e não conseguem ver! Que péssima percepção!


Porque sinceramente, precisa de mais provas? Olhe à sua volta, olhe para o céu, para a Terra, para a água, para as plantas, para o Universo, para dentro de si, para um átomo! Olhe bem e você verá o verdadeiro milagre, a Vida!


Este é o verdadeiro milagre de Allah! Você é um milagre! Cada ser vivo neste mundo é um milagre, o mesmo modelo que rege o átomo tão pequeno, rege a imensidão de uma galáxia no céu, a seiva que corre perfeita entre os canais de uma folha, o ar, a consciência, seus olhos, o que eles vêem, e como eles são, tudo isto é a prova mais forte, o milagre mais profundo, a marca mais forte da existência de Allah.


Basta ter de fato fé.


Basta saber olhar.


"Ah mas isto é física, é biologia, é ciência!" - dirão alguns. Sim, é! Exatamente, e quem disse que a ciência nega a existência de Deus? Ao contrário, é Sua verdadeira assinatura!


Pois de onde emanam todas as leis, toda a vida, toda a inteligência? Para mim é assim, não sei quanto à fé dos outros, dentro da minha fé a ciência só confirma a existência de Deus.


Mas eu compreendo, ainda existem pessoas que precisam sim da Rocha que Flutua...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Há Três Estrelas Lá Fora



Há três estrelas lá fora.

Não eu não estou brincando há de fato três estrelas lá fora, as únicas estrelas visíveis no céu desta noite. Eu olho para elas, e elas olham para mim.

Ficamos assim um tempo, as quatro, nos encarando, observando e pensando, pensando, e indo embora com o pensamento...

Eu pouso meus olhos então sobre a cidade que bóia na escura fumaça da noite paulistana, uma cidade imensa, daqui de cima da minha janela parece uma galáxia suspensa no espaço e piscando para o infinito.

Algo tão grande, tão gigantesca perto de mim... mas ao mesmo tempo pequena, uma caixinha, um canto qualquer, um alfinete perdido no chão da sala que é o Universo, ou até mesmo o Planeta!

Meu pensamento me leva a imaginar outros mundos, outras vidas, outras cidades galáxias perdidas na imensidão do espaço que é o espaço que vivo e no qual estou inserida e ao mesmo tempo tão deslocada de tudo e de todos, me sinto pequena e desprotegida assim, mas também ansiosa por saber a resposta de um enigma que trago comigo, dentro de mim.

Há três estrelas lá fora, e elas estão olhando para mim, curiosas, talvez acompanhando o desenrolar desta história toda e ansiosas como eu por saber como será que vai ser o próximo capítulo desta trama emaranhada.

Há três estrelas lá fora... as mesmas que brilham no céu de Istambul, e talvez elas mesmas estejam olhando para outra garota perdida em seus pensamentos em Londres, em Cuzco, em Meca ou em Rhiad...

Há tanta vida lá fora, e agora há também tanta vida nova em mim... agora que estou viva eu penso que tenho novos desejos, novos anseios, mas também sinto medo observando as estrelas, medo de não conseguir o que meu coração pede agora. Eu deveria estar confiante não? Talvez eu esteja sim, apenas um lapso momentâneo de certezas ao olhar as estrelas e me sentir tão pequena no meio do oceano da vida. Afinal, o mais difícil, o mais improvável, o mais impossível, eu já consegui!

Que é estar viva! Me reconstruir, quebrar com a minha batalha a cela de ferro sem vida e sem porta e conseguir respirar e sentir o ar novo e sair da tumba e ver a luz! Eu olho para trás e não vejo mais as pegadas, mas sei da história completa e sei que foi uma epopéia e é inacreditável se eu contar a jornada completa!

Ma sha Allah! Ma sha Allah...

O que aconteceu comigo? Como eu vim parar aqui nesta noite quente sentindo o pulsar do meu coração e pensando assim? Esta é a primeira noite de minhas férias, agora sim eu posso deitar minha cabeça na relva, entre as menores flores do campo, e descansar...

Houve uma noite, certa vez, em que eu era ainda três, assim como as três estrelas do céu. Eu estava então ferida de morte, e desesperada não aguentava mais sentir as lágrimas de sangue jorrando de mim, eu não aguentava mais, estava em meu limite e me sentia de fato um brinquedo quebrado, para sempre, de tanto ser jogada na parede e cair no chão. Eu era então uma poça, não mais que uma poça de sangue largada no chão.
Era eu lá no fundo, de dentro da cela preocupada e querendo saber o que a outra eu iria fazer de mim.

Enquanto isto a menina cruzava mais uma duna no meio do deserto esquecido, e a peregrina esperava porque ela sim sabia! Ela e Deus, mas eu ainda não sabia, que poderia existir o momento em que ela poderia finalmente partir em sua jornada...

Desesperada eu peguei então uma faca, e exaurida em desespero e dor coloquei ela sobre meu pulso direito e pensei: “agora é só escorregar com força, me deitar na cama, e esperar...”

Então naquele momento nós três paramos, a menina se sentou na areia e olhou para mim. A peregrina suspendeu a respiração de susto e nossos olhares finalmente se cruzaram no mesmo lugar em um centésimo de segundo pela primeira vez na vida. Foi só um instante, só uma fagulha, uma olhando profundamente nos olhos da outra, as três paradas esperando o próximo passo a ser dado.

O mundo inteiro parou ao meu redor... e nenhuma das três se moveu. Tudo poderia ter acontecido ali, mas foi então que o Inesperado aconteceu! Porque? Eu não sei, só existe Um que sabe, só Aquele que é único digno de adoração, só Ele sabe o porque de ter me impedido, de ter me guiado por um trecho do caminho impossível de ser lido por uma pequena alma humana, que na pequena percepção de uma pessoa não tinha lógica nenhuma, mas mostrou-se de fato o caminho mais reto e mais certo, só Ele sabe o porque disto tudo.

Ele fez coisas incríveis! Até para longe d´Ele mesmo Ele me levou, eu pequena e de pouca visão pensando que era então um rompimento com Ele mas não era não, era um rompimento com as mentiras que me contaram desde pequena sobre quem e como Ele era, hoje eu sei, foi o corte profundo que iniciou uma verdadeira cirurgia de ressucitação.

Voltar a viver! Ou melhor, começar a viver de fato! Voltar, recomeçar, religar, RELIGARE, Religião...

Voltar a viver.... voltar a Deus, de onde eu vim, para onde eu vou... Porque eu sou muçulmana? Porque quando eu estava pronta depois de tudo isto, eu escutei o chamado de volta, e finalmente eu pude entender todo o sentido do Livro das Sombras e pude voltar, porque Ele me chamou de volta... porque só Ele esteve presente desde o fim, até o começo.

Porque só Ele estava lá.

Agora eu olho para as três estrelas no céu e desejo tanto completar a missão... será que mesmo assim ainda é possível? Será que é muito eu desejar apenas o que toda garota deseja, a continuação da história?

Eu não sei, novamente eu não sei... mas sei que Ele tudo sabe, e que a Ele pertenço, assim como minha vida, minha existência, e o que vai acontecer daqui para frente.

Três estrelas! Há três estrelas no céu...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ashurah

Cumpri hoje o meu primeiro jejum depois de minha Shahada, depois do momento em que me tornei muçulmana.

Foi um dia muito especial e deixo aqui registrado em meu cantinho.

Cumpri o jejum de Ashurah à risca, acordei bem cedinho, fiz um ótimo café da manhã, às 04:47hs. eu fiz a minha oração da Aurora, o Sallah fajr, e desde então não coloquei nada em minha boca até passar o Sallah maghrib, a oração do crepúsculo.

A primeira coisa que tenho a narrar sobre isto é que não foi fácil, certamente não foi fácil. Até porque hoje não foi um dia fácil para mim, em certos momentos eu senti como uma provação mesmo de minha fé, não tive assim problemas pessoais ou fatos ruins, apenas complicadores.

Hoje foi também meu último dia de faculdade neste semestre, prova de neurofisiologia, e para completar São Paulo amanheceu debaixo de chuva e com sérios problemas no Metrô, o que fez com que os trens demorassem mais para circular e chegar nas estações. Quando isto acontece, acumula passageiros e portanto eu acabei pegando um trem realmente lotado, me lembrou os trens da CPTM em horário de pico de movimento.

Ao chegar para fazer a prova eu estava realmente tonta. Mas fiz todas as minhas obrigações, e voltei para casa para passar o resto do dia entre minhas orações e leituras do Alcorão e de livros islâmicos que ganhei de presente de uma amiga querida.

O complicador no meu caso foi o fato de que eu ainda não parei de fumar, eu fumo desde a adolescência e sempre pensei que um dia eu iria parar, mas nunca parei, nunca fui de ficar falando que iria parar, nunca colecionei tentativas frustradas de parar, sempre foi assim: no dia que eu falar que devo parar eu vou parar e pronto, na minha vida sempre foi assim.

Fumar não é haram, mas não é recomendado e sinceramente não acho nem um pouco apropriada a visão de mim inteira de hijab e roupas lícitas, toda recatada, e com um cigarro aceso na mão, tanto que desde que me tornei muçulmana eu não fumo mais na rua, eu acho que represento também o Islam já que sou uma muçulmana e uso hijab, e não acho bonito.

Mas ainda não parei de fumar, estabeleci que vou parar de fumar no meu primeiro Ramadan e mantenho esta firme determinação. Então foi difícil e eu senti até tontura, mas resisti e cumpri à risca o meu primeiro jejum de Ashurah.

As lições aprendidas são muitas, eu me sinto fortalecida em minha fé, e em minha inclusão na grande Nação Islâmica espalhada ao redor do mundo.

Eu também me sinto feliz e realizada por seguir o exemplo do profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele), que dava especial importância ao jejum deste dia.

Me sinto especialmente realizada por ter feito este jejum em ato de adoração a Allah, o Único que é digno de adoração!

Existem aqueles dentro do Islam que se lembram desta data por outro motivo e praticam atos como auto-flagelação e coisas assim. Eu não, eu sou sunita. Procuro humildemente a prática do Islam puro, de acordo com o Alcorão, e com a Sunnah, como foi originalmente ensinado a nós pelo profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja com ele), e dou especial importância ao fato do Islam ser de fato conservado como no início, do Alcorão ser um livro imaculado, mantido exatamente como o original.

inshallah todos os meus irmãos e irmãs tenham tido um bom dia de Ashurah ao redor do mundo e tenham feito um bom jejum.

Salam!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

E eis que se aproxima o meu primeiro dia de Jejum

Quinta-feira desta semana é o dia 10 de MuHarram de 1432 A.H. no calendário islâmico. Ou seja é o dia 10 do primeiro mês do ano de 1432 depois da Hégira. E é o dia de Ashurah, o dia em que Moisés jejuou em agradecimento a Deus por ter livrado os Filhos de Israel de seus inimigos.

O profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele) jejuava nesta importante data e desta forma também o fazem os muçulmanos.

Será o meu primeiro jejum depois da minha Shahada. E eu esperava este dia com ansiedade, eu sabia que tinha um dia de jejum próximo mas só agora consegui descobrir o dia exato e o motivo do jejum.

Vai ser um dia especial para mim, eu nunca jejuei na vida...

Especialmente porque AINDA sou fumante =S... pretendo parar de fumar no Ramadan deste ano, e este dia será um teste, porque não se pode comer, beber, fumar e colocar qualquer coisa na boca desde o nascer do sol até o por do sol.

Ah sim e para quem não sabe:

01) O Ano Novo islâmico já passou, já estamos em um novo ano dentro do calendário islâmico;

02) Não. Não comemoramos o Ano Novo, nem dentro do calendário islâmico e muito menos o oficial;

03) e para os menos desavisados, não! Não comemoramos o Natal! Tem gente que ainda não sabe disto, comemoramos os Eid, e o Mês Sagrado, o Ramadan, o nono mês do calendário islâmico.

Depois escreverei aqui sobre este dia...

Salam!

Mitos, mitos e mais mitos rs...

O simpático bichinho retratado aí em cima é um mandruvá.

Quando eu era pequena eu ouvia histórias e mais histórias sobre o mandruvá, porque ele faz parte do folclore do interior do Brasil.

Outra coisa que me deixava muito intrigada era a Mula Sem Cabeça! Não eu não tinha medo dela! Eu queria era ver uma para entender duas coisas que eu pequena que era não conseguia entender como:

01) Como a Mula Sem Cabeça solta fogo pelas narinas, se o nariz fica na cabeça e ela não tem cabeça?

02) Como a Mula Sem Cabeça come se ela não tem cabeça e portanto não tem boca?

São mitos não? São lendas...

Pois é, da mesma forma existem muito MITOS e LENDAS sobre o Islam! E em particular, existem muitos mitos e lendas sobre as mulheres no Islam, sobre nós, muçulmanas.

Eu não vou fazer uma lista aqui mas a medida que eu for topando com estes mitos e lendas eu vou escrever aqui esclarecendo.

Hoje vou falar de alguns.

É assim: uma amiga minha me disse que um amigo dela falou que provavelmente eu não encontro lojas de roupas para muçulmanas em São Paulo porque dentro do Islam só os homens podem realizar transações comerciais.

ISTO É TÃO VERDADE QUANTO A MULA SEM CABEÇA, OU AS HISTÓRIAS SOBRE O MANDRUVÁ!

Se fosse assim eu não teria quase nenhum hijab, porque a maioria dos meus hijabs eu comprei de irmãs de fé que vendem!

Não vou citar trechos do Alcorão aqui, porque sabem eu ainda estou estudando e não me sinto à altura disto (aliás se alguma irmã quiser ajudar com comentários, sempre serão bem vindos) mas eu estou estudando como disse e já sei um pouquinho.

Então esclarecendo algumas coisinhas sobre nós muçulmanas:

Há mais de 1400 anos atrás está estabelecido por Deus através de sua Palavra expressa no Alcorão que a mulher tem o direito de trabalhar, de possuir bens e negócios próprios e fazer o que bem entender deles, tem o direito a voto, voz na sociedade, e tem o direito de receber herança.

Há um conceito muito claro dentro do Islam, o conceito de EQUIDADE, que é diferente do conceito de IGUALDADE no seguinte sentido: perante Deus homens e mulheres são iguais no sentido de valor e importância, um não é mais do que o outro.

Reconhece-se sim que homens e mulheres são diferentes ou seja, cada um tem a sua parcela de deveres e papéis definidos no sentido da vida, mas os dois são iguais perante Deus, isto é algo saudável do meu ponto de vista.

Um exemplo na prática: ao homem cabe a obrigação do sustento da casa. Uma mulher casada pode trabalhar se ela quiser, pode contribuir com o sustento da casa se ela quiser, mas ela não é obrigada a isto.

E à mulher cabe a criação dos filhos, e a administração da casa, tarefa que esta sim é sua obrigação. Os dois juntos, de forma equilibrada, garantem com sua parceria sincera, uma vida sem atribulações para a família.

Apenas ao homem cabe sim a chefia da família, mas isto não quer dizer que ele é mais do que a sua esposa ou pode tripudiar sobre ela ou achar que ela é menos do que ele.

Tudo o que eu disse aqui não é OPINIÃO. Tudo o que eu mencionei aqui está EXPRESSO DE FORMA CLARA no Alcorão!

Então SIM, A MULHER PODE REALIZAR TRANSAÇÃO COMERCIAL SIM! rs...

Você tem de conhecer de verdade o Islam para poder ter sua opinião.

Como se pode julgar algo que não se conhece? O Islam não é de forma alguma machista, opressor em relação a nós, isto tudo é lenda, somos protegidas, respeitadas, somos especiais...

A prova disto é que a grande maioria das pessoas que se volta para o Islam é composta de mulheres. E não tem como dizer que estas pessoas, eu inclusive, foram obrigadas a fazer isto, se se voltam ao Islam é de vontade própria, e eu acho que são todas estas pessoas tão apaixonadas pelo Islam quanto eu sou...

Fica a dica...