quarta-feira, 30 de março de 2011

Respondendo à Luiza Nagib Eluf



Não há Justiça com Preconceito e hipocrisia
Respondendo à Luiza Nagib Eluf

Tive a infelicidade de ler um texto escrito pela Digníssima Doutora Luiza Nagib Eluf e publicado no Jornal Folha de São Paulo na sessão Tendências e Debates.

Infelicidade porque o texto me fez sentir vergonha alheia, me fez sentir decepção com alguém que pelo seu histórico me inspirava maior expectativa e confiança, infelicidade porque considero este mesmo texto uma mancha de gordura em tecido branco na carreira pública da Digníssima Doutora, daquelas que nem o tempo e nem a água poderá apagar.

No referido e infeliz texto, a Digníssima Doutora discorre sobre os movimentos de libertação das ditaduras podres e corrompidas que acontece agora nos países do Oriente Médio, mas focaliza sua atenção na questão das mulheres dentro destes países.

Mas infelizmente o que se lê é um verdadeiro desfile de preconceito, hipocrisia, demonstração de total falta de conhecimento sobre o foco de sua crítica, e total desrespeito para com o outro, julgado, rotulado, qualificado e criticado segundo as suas próprias visões de mundo e de ser humano, e não respeitado em suas diferenças que são antes de tudo qualidades, e não defeitos.

Alega a digníssima doutora que:
Antes de qualquer análise, porém, é preciso lembrar que estamos falando de uma região que concentra maioria esmagadora de seguidores do islamismo. Nesse contexto, é impossível prever qual a influência dos cânones religiosos na reestruturação que está por vir.
Embora muitos argumentem que alguns dos países em transformação têm tradição de Estado laico, como o Egito, as imagens internacionais evidenciam a forte presença religiosa entre os sublevados, fazendo crer que o potencial de crescimento da Irmandade Muçulmana não deve ser subestimado.”

Antes de mais nada é preciso esclarecer à digníssima autora de tal verborragia infectada, que os países do Oriente Médio são países cuja maior parte da população segue o Islam, são muçulmanos, jovens, cansados da corrupção e exploração patrocinada por ditadores habilmente colocados ou mantidos no poder por sujo jogo de vários interesses externos, que se mobilizaram via internet em diversos movimentos que culminaram com a derrocada da ditadura egípcia, e por conseguinte inspiraram os movimentos nos outros países da mesma região.

Estes não procuram nada além da volta justamente à sua verdadeira identidade e a sua dignidade roubada por um bando de usurpadores do poder.

Estes não buscam valores ocidentais mas os seus próprios valores dentro de sua própria realidade, há muito esquecidos e empoeirados pela farta distribuição de miséria, injustiça social e ignorância promovida por aqueles que detém o poder de forma brutal a várias décadas.

E é lógico que vemos muçulmanos participando destes movimentos, são o povo, é a religião do povo, é algo perfeitamente natural.

As maiores vítimas da repressão, as mulheres, gritam através da burca que lhes cobre o corpo, o rosto, a boca. Amordaçadas, apenas com os olhos descobertos, elas querem participar e tentam se fazer ouvir.
O que é uma mulher no islã? Sobre isso, os articulistas brasileiros pouco têm falado.”

Se os articulistas brasileiros pouco têm falado à respeito das mulheres no Islam, a doutora também nada falou, ou melhor, falou sim, de seus próprios medos e conceitos distorcidos, de sua falta total de conhecimento à respeito do Islam, de seu preconceito fruto justamente deste total desconhecimento, de sua hipocrisia ao querer tentar passar uma imagem de que a mulher muçulmana é oprimida já que não deseja o que ela deseja, não compra o que ela compra, não cohabita das mesmas idéias que ela, não se parece com ela, enquanto escreve confortavelmente instalada em um país que assassina mais de 2 mil e quinhentas mulheres por ano, onde 5 mulheres são espancadas dentro de sua própria casa a cada 2 minutos, onde uma mulher é obrigada a se expor semi-nua senão “há algo de errado com ela” e é vendida como aperitivo e carne de açougue, obrigada a rebolar e mostrar o corpo ao mundo em propagandas de cerveja e festas populares, onde todas são obrigadas a serem assim, senão certamente estão doentes né?

E neste sentido a digníssima autora do texto acaba escorregando e fazendo uma grande confusão entre cultura e religião, entre os seus valores e a possibilidade de que há pessoas no mundo que não compactuam destes mesmos valores, mas acima de tudo se mostra injusta com toda uma nação religiosa e mostra e incentiva o preconceito contra toda uma religião quando contribui mais uma vez para perpetuar uma história única, e poucas coisas no mundo são tão venenosas para uma sociedade quanto a História Única.

Alega a digníssima autora em seu malfadado texto, por exemplo, que
Nem se diga que as mulheres são felizes exercendo o papel que lhes foi reservado pelos conservadores, que elas não precisam de mais nada além de obedecer aos maridos e ter filhos, que usam o véu espontaneamente e que precisam dos homens para se sentir protegidas. Enfim, que tudo se justifica pela tradição cultural.”

Bem, vou começar fazendo a seguinte pergunta: porque as muçulmanas não podem de forma alguma usar o véu esponaneamente? Porque a Doutora não gosta? Porque não faz parte de sua realidade ou seus valores?

Quem deu o direito à digníssima de julgar os outros segundo seus próprios valores? Acaso é ela detentora de um super poder de julgar a qualidade desta ou daquela escolha e suas escolhas são supremas? Magnânimas e incontestáveis? Que arrogância é esta? Será que ela chegou a perguntar para uma muçulmana porque ela se cobre? Acaso ela já soube algum dia que muitas mulheres em muitos lugares do mundo fizeram questão de voltar a usar o véu assim que suas regiões se libertaram da VERDADEIRA ESCRAVIDÃO IMPOSTA pelo Ocidente em suas invasões e colonizações que se tornaram verdadeiros exercícios de pilhagem, inclusive da alma, e dos corpos destas mesmas mulheres?

Quanta hipocrisia e preconceito reunidos em uma só pessoa, fico aqui me perguntando se não há propósito nisto, mas eu prefiro crer que na verdade trata-se de um derrame de tensões e raivas pessoais acumuladas, porque não me arrisco a colocar em dúvida a honestidade da mesma que escreveu estas perdidas palavras deste texto ofensivo.

E o que ela poderia dizer às milhares de estudantes universitárias que são a grande maioria na maior parte das universidades do oriente médio, as profissionais com título de doutorado e PHD que existem na mesma região?

E como será que a digníssima doutora explicaria o fato de que a boneca de maior vendagem no Oriente Médio, a Fulla, uma muçulmana, modelo para as meninas da região, adulta e bem resolvida, com casa própria, tem profissão e um dos kits de vendagem é justamente o seu consultório de dentista completo?

Pois é doutora, a Senhora escorregou na casca da banana com este texto, e eu só lamento que a sua voz se some à voz das pessoas que ousam dizer que o mundo tem de ser um só, que precisamos de uniforme social, que temos de ser todos iguais e o diferente de mim é o errado e não apenas o outro que não é minha cópia.

Pois é doutora, a Senhora nada, NADAAAA sabe sobre o Islam, senão saberia que a mulher no Islam não carrega a culpa de Eva e o seu consequente pote de maldições que leva toda a sociedade à perdição, senão saberia que estes jovens que justamente se voltam à religião e reinvindicam o fim das ditaduras podres e mantidas pelo dinheiro judeu e ocidental buscam justamente a volta de seus próprios valores sociais expressos no Islam, que diz que é obrigação de todo muçulmano e de TODA MUÇULMANA a busca pelo conhecimento do berço ao túmulo, que respeita a mulher a ponto de não lhe impor um sobrenome do marido como simbolo de sua dominação e propriedade, que usa sim o véu com orgulho porque gosta, e não critica a mesma digníssima doutora por não gostar.

E tanto desconhece a doutora que vem falar de mutilação sexual aumentando mais ainda a confusão, já que este elemento não é, nunca foi e nunca será islãmico, mas sim africano, algo que foi duramente combatido pelos primeiros muçulmanos e que infelizmente ainda perdura no continente africano e contamina o mundo com o seu sangue sujo.

Há violência contra nós mulheres nos países do Oriente Médio? Há sim, como há aqui, na Europa, nos EUA, na Antàrtida, infelizmente em qualquer país. E há direitos e conquistas também, vejam por exemplo a participação da Azmaa Mahfouz no movimento de libertação do Egito, a já citada partipação das jovens na universidade e em vários campos profissionais, e muitas outras coisas que a História Única cruel e desumana contada pela digníssima autora do porco texto não leva em conta.

E contar uma História Única, onde não existem individualidades, onde não existe igualdades mas apenas diferenças, onde não existe a chance de se ter todos os pontos de vista e situações levados em consideração, é sempre um exercício de hipocrisia, e um criadouro de preconceito.

E desta forma não se promove nem os direitos das mulheres, e nem a justiça, porque onde existe preconceito e hipocrisia, nunca nunca existirá justiça.

Sobre tudo isto, eu só lamento a oportunidade que a digníssima doutora teve, de se calar e não proferir impropérios vergonhosos como este texto.

Meus pêsames!!!
Salam!

sábado, 26 de março de 2011

Estou feliz =D!!!!

Hoje é dia de....


Mesquita!!!

E daqui a pouco estarei lá, na minha querida Mesquita do Pari!! =D

Salam!

quinta-feira, 24 de março de 2011

MUNAKABA BRASIL - Nossa comunidade no Orkut

Não deixe de conhecer a nossa nova comunidade no orkut:

MUNAKABA BRASIL

Para todos que tiverem interesse no assunto, para as muçulmanas que usam niqab, para aquelas que querem usar, para as que precisam de incentivo e informação à respeito.

Participem!

Todos estão convidados.

Diário de uma munakaba em São Paulo - Brasil

Vocês se lembram desta simpática figurinha que eu postei aqui no meu cantinho a um tempo atrás? =)

Pois é pois é pois é... na ocasião eu mostrava por meio de setinhas como eu me vestia na época e qual era a minha meta, que é esta apontada pela setinha acima.

Bem eu atingi a minha meta!! Agora eu me visto EXCLUSIVAMENTE assim! =D

E estou muito feliz por isto, eu de fato me tornei uma munakaba com muito orgulho por isto.

Por enquanto estou usando o niqab com qhimar e saia mas neste fim de semana eu recebo da Ecbel, minha irmã querida e exímia costureira, mais um qhimar e o meu chador inshallah!

Bem, apesar de já ter experimentado muitas vezes o niqab e chador em público graças à minha querida amiga e irmã de fé Halima, pois muitas vezes saímos assim para experimentarmos, as duas, o uso do niqab em público, confesso que esperava com ansiedade esta semana para vivenciar de fato a situação de estar vestida desta maneira em São Paulo, já que ainda, vou repetir, AINDA, é raro ver nas ruas do Brasil muçulmanas vestidas assim, com niqab e chador, munakabas enfim.

E eu havia prometido a mim mesma que o dia em que passasse pela porta da minha casa de rosto tampado pelo niqab, nunca mais tiraria.

E assim eu fiz. Só que minha expectativas desta semana foram um pouco frustradas por conta de uma forte gripe que me derrubou e me deixou presa em casa de cama com febre =(.

Então eu acabei perdendo as aulas da faculdade e saindo pouco de casa.

Mas eu saí sim, no domingo com as minhas filhas e hoje com uma delas para ir às compras da semana no supermercado.

Confesso que no começo foi meio estranho estar de niqab e toda munakaba sem ter a presença da minha querida irmã Halima do meu lado rs..... porque até então todas as vezes que eu saí de niqab e chador, havia ao menos ela e o Hisham, o filhinho dela, além do marido dela em uma das ocasiões, ao meu lado, além da Priscilla e alguma outra irmã de vez em quando. Então foi estranho, senti a falta dela e das companhias rs... mas foi só no começo, depois me soltei, pena que ainda estou gripada.

E eu digo, não há problema algum em se usar niqab em São Paulo. Sim as pessoas olham e olham mais ainda do que quando estamos de hijab apenas, mas não notei mais diferença do que isto não.

Só que há um detalhe a ser bem especificado: como tudo na vida, este diálogo com o mundo ao seu redor depende DE VOCÊ.

Como assim? Simples, o mundo sempre reaje de acordo com o modo como você age.

Se você se fecha, se encolhe, e se mostra acanhada, o mundo percebe que tem algo errado com você. Se você se mostra agressiva o mundo vai também ser agressivo e defensivo com você. Mas se você tem a certeza de seus atos, a serenidade, a coerência firme com suas convicções, a paz em seu olhar, então é o que você vai colher de volta, paz, serenidade, tranquilidade.

Eu procuro agir de acordo com isto, e sempre sempre procuro ser simpática e antenciosa com todos, então não tive até agora problema nenhum.

Note-se também que sendo uma munakaba você que é muçulmana automaticamente está fazendo Dawah e suas ações assim são vistas, pois se com o hijab nós muçulmanas já representamos de certa forma o Islam, com niqab e chador então isto se torna radicalmente uma realidade.

Eu sinto que o fato de ser uma munakaba aumenta a minha serenidade e melhora minhas ações de acordo com o Islam. Sinto também que nos faz pensar mais antes de agir, sinto que está aprofundando a minha fé e a minha prática, e isto para mim é sabedoria e desenvolvimento pessoal.

Bem, agora espero superar logo esta gripe inshallah e ter mais aventuras para contar aqui, mas por enquanto nenhum fato estranho me aconteceu, e se acontecer não tenho medo, eu sou muçulmana! Eu só temo a Allah, Louvado seja.

E nada tem o poder de abalar esta minha fé.

Allah hu Akbar!

Salam!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Indicação de Livro - Riadhussálihin - O Jardim dos Virtuosos


Hoje vou falar de um lindo e importante presente que eu ganhei de uma querida irmã e amiga de fé.

Trata-se do Riadhussálihin - O Jardim dos Virtuosos, do Iman Abu Zakaria Yahia Ibn Charaf An Nawawi.

A capa da edição que eu ganhei segue aí em cima ilustrando este post. Apresentado em belíssimo trabalho de editoração, com capa dura de luxo e em magnífica edição bilíngue (Português - árabe), este é mais um lindo trabalho de tradução e adaptação do Professor Samir El Hayek, e curiosamente parece ser ele também o editor desta edição, já que no meu livro não há indicação nenhuma de editora.

Um lindo presente realmente, que tem lugar especial na minha casa.

Vamos falar um pouco deste livro e do porque eu o recomendo.

Citando o seu prefácio, "A majestade e a importância dos ahádice (plural de hadice), os ditos ou tradições do Profeta do Islam, Mohammad (saws), além de seu valor moral, podem ser inteiramente apreciados apenas quando alguém se conscientiza de que toda a estrutura religiosa, moral, social, econômica e política de mais de um quinto da humanidade assenta-se no Alcorão Sagrado e nos ditos ou atos, ou Sunna, do Profeta Muhammad (saws)."

Allah, Louvado seja, nos diz claramente em suas palavras no Alcorão:

"Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo" (Alcorão, 33:21)

O grande líder indiano Mahatma Ghandi considerava os ahádice como entre "...os tesouros da humanidade, e não são apenas muçulmanos." (segundo suas palavras em introdução ao livro de Abdullah Al Mamun Al Suharawardy "Os Ditos de Mohammad")

E é exatamente ahadice que o Riadhussalihin nos apresenta, em coleção cuidadosa e criteriosa e sábia organização do Imam Al Nawawi.

O Imam Al Nawawi, falecido em 676 A.H. (1277 DC), colecionou muitas tradições do Profeta (saws) e as organizou em um livro que é um dos melhores e mais bem escritos no campo da moralidade islâmica nos trazendo um guia seguro para a vida pessoal e social.

Neste aspecto, o livro é muito importante porque é uma das fontes da Sunnah Profética, abrangendo toda a vida do muçulmano desde o nascimento até a morte e é um orientador para todos, para o aluno, para o professor, para o sábio, para aquele que já vive o Islam de fato, para aquele que começa a trilhar os seus caminhos.

Então eu recomendo e acho que é uma boa maneira de começar a conhecer a Sunnah e as obras que juntas deram origem à Sharia, a jurisprudência islâmica, pois a Sharia é fundamentada no Alcorão, e na Sunna, os ditos do Profeta (saws).

Bem mas o livro não é fácil de se encontrar por aí.

Mas eu achei uma boa solução para quem se interessar pelo Riadhussálihin! Eu encontrei ele disponível para download gratuito na net =)... não é ótimo?

Então para quem tiver interesse, basta acessar este link aqui: http://www.islamicbulletin.org/portuguese/details.aspx?id=31 

Aliás o site deste link, THE ISLAMIC BULLETIN, que consta da lista de sites recomendados do meu blog, é muito bom, possui livros islâmicos gratuitos em várias línguas, inclusive em Português, e eu também o recomendo.

Boa leitura e....

Salam!

domingo, 20 de março de 2011

Agora eu sou uma munakabe =D

Escrevo hoje muito feliz porque além de ter um dia delicioso na mesquita, hoje eu recebi meus niqabs e um dos qhimar que encomendei, e eles ficaram simplesmente perfeitos!

E na semana que vem finalmente meu chador e mais um qhimar estarão prontos, com isto me torno oficialmente uma munakabe, porque eu prometi a mim mesma que a partir do dia em que atravessasse a porta da minha casa de niqab, nunca mais tiraria.

E a partir de agora todas as minhas fotos de rosto serão apagadas da net.

Tenho certeza de que terei muitas aventuras a relatar daqui por diante, então sou mais uma muçulmana brasileira a adotar de vez o niqab. E estou muito feliz por isto =D...

Hoje foi um dia muito bom. Passei a tarde toda na mesquita com minhas irmãs queridas, atendemos à algumas pessoas que estavam indo pela primeira vez à mesquita, fizemos nossas orações, passeamos um pouquinho no bairro do Pari, foi realmente ótimo.

Agora não vejo a hora de estar com o meu chador também =)

Salam!

sexta-feira, 11 de março de 2011

A Rota do Mar Sem Fim



Se há um Livro da Luz, é porque já houve um Livro das Sombras...

Se há hoje uma praia calma e tranquila banhada em sol ao meu redor, com sua areia dourada e sua água de espelho que reflete o céu, é porque percorri a estrada que me trouxe até aqui, e ela nem sempre foi asfaltada, pelo contrário atravessou matas fechadas, curvas perigosas e ladeiras esburacadas, com pedras para se desviar, noites escuras e tempestades a se superar.

Um dia eu fui uma criança, como todos um dia foram, mas eu era uma criança um tanto quanto perdida em meus mundos de fantasia, que brincava de casinha com bichinhos que acreditava estarem vivos e serem de fato seus amiguinhos.

Um dia eu fui uma menina, que tinha um reino imenso que se chamava jardim, e cujos habitantes eram folhas verdes e flores de cores sem fim.

O Reino era imenso, tinha uma rua central de pedras que se pareciam com finos ladrilhos brilhantes em meu olhar. No reino eu brincava segura, imaginava bailes em seu imenso salão, cavernas com segredos e brilhantes entre as suas pedras, cidades bairros e nações entre seus canteiros. O tempo passava e eu mergulhava em fantasias neste imenso reino que era na verdade um grande jardim.

Mas um dia o jardim se foi. E eu fui embora e nunca mais voltei ao meu reino, não havia muito de dramático e triste nesta partida, era apenas a vida, que seguia seu curso de rio caudaloso e se esparramava por entre as cachoeiras da Serra sem Fim.

Como todas as crianças, eu parti sim com alegria e com esperança, brilhos em meu olhar, que brilhava com todos os sonhos e projetos que ainda estavam para surgir depois de cada manhã, esperança em meu coração que fazia ele bater, brilho intenso de uma linda manhã de minha vida, que nunca mais se apagou em minhas lembranças, sonho de menina embalado em magia e arco-íris de flor.

Então eu fui parar em um novo jardim. Este não era tão grande quanto aquele, mas era o futuro que chegava para mim. O mundo também não era mais o mesmo ao redor do Jardim, eu descobri que nem sempre se tinha delicadeza e carinho ao nosso redor, e algo estranho também acontecia com os habitantes de outros jardins.

Mas eu ia vivendo, e como todos crescendo, a vida continuava a traçar seu curso por entre as curvas do rio, e tudo ia seguindo segundo o plano de Deus para cada um de nós.

Mas um dia, como outro dia qualquer, eu fui atingida no meio do caminho, por uma pedra, e com isto veio a queda, fui então despedaçada e rasgada à força e no meio de um trovão que tocou a terra e fez tudo estremecer em um pequeno instante, algo inesperado, mas muito forte e gigantesco, que invadiu meu caminho e violou as margens do rio, uma represa muito grande estourou, e o sangue pisado jorrou por toda a planície deixando acidentes e marcas profundas em seu caminho, e com sua força e seu vermelho fervilhante tudo mudou e tirou do lugar.

Quando a tormenta passou, restaram apenas destroços e cacos do jarro quebrados no chão.

Eu estava morta.

Os outros rios continuaram o seu caminho, e a vida se derramou em seu curso de rio e a tudo fertilizou, o meu rio não, foi estancado, aterrado com a violência de toda a tormenta, restou a terra encharcada e tudo despedaçado e rasgado ao meu redor, e no meio de tudo isto apenas uma menina desacordada e ferida, que quando conseguiu acordar nada mais reconheceu, e perdida que estava permaneceu, encontrou apenas deserto escaldante e desolado, nele entrou e nunca mais se ouviu falar daquela menina, que um dia foi vista ferida cambaleando entre dunas de areia e sumiu, desapareceu.

Então os destroços que haviam sobrado no chão encharcado em um instante se juntaram, e surgiu uma nova pessoa forjada na escuridão, sempre em negro de luto, sempre soturna, sempre mergulhada na noite escura, o luto da falta da menina em sua essência a cobriu e ela habitou os mundos secretos da noite escura e das tempestades salpicadas de trovão.

Mesmo assim ela continuou a andar, cambaleante e tropeçando, arrastando correntes e trevas por onde passasse, a Filha de Lilith a Lua Negra, a noite escura, a morte em vida de noite sem luz e sem fim.

Os passos eram insuportáveis, porque por mais que ela se tornasse uma pedra gelada e dura, no fundo ainda sobrara um pouco do brilho daquela menina no seu olhar, e isto a fazia contorcer-se de dor, e raiva!!!

Porque a dor era insensante, porque nada passava a não ser pela ferida ardente a cada segundo de sua existência, porque a noite cobriu suas vestes, e isto fazia ela desejar explodir tudo, especialmente ela mesma, amante de seu próprio fim, o caminho do desespero nos faz muitas vezes a morte amar.

Eu amei a morte, e durante muito tempo segui seus passos na floresta escura e velha que tomou todos os espaços do meu lugar.

A Filha da Lua Negra a tudo amaldiçoou, em puro ódio e raiva se cortou várias vezes, o sangue jorrava para fora depois de jorrar para dentro, insanidade em seus olhos e raiva porque existia a dor, sempre a dor, mas o que mais a enraivecia era o fato de que ela não conseguia se tornar fria, a ponto de nada sentir.

Por mais que tentasse, nunca conseguia apagar o pouco brilho que restou da menina em seu olhar, e isto fazia a dor piorar, porque eu sentia!!! Sentia de fato, e não podia nunca deixar de sentir. A morte cobriu meus passos e meus horizontes, um dia cansada eu observei que tudo estava estragado, e que por mais que tentasse caminhar, sempre haveriam os troncos mortos caídos à minha frente na estrada, mas mais do que isto, quem derrubava os troncos era eu, e não adiantava mais lutar, porque não havia como da morte em vida escapar.

Então uma noite havia entre eu e a vida uma faca, novamente uma faca, olhando para mim com olhar desafiador.

A faca fazia promessas de ser o alívio final da tragédia, mas naquela noite perdida no tempo Alguém falou comigo, no último instante, no momento final, no último ato.

E pela primeira vez na vida eu me dispuz a ouvir, tudo estava consumado, não havia mais perdas e danos além do que já havia então perdido, não havia mais porque teimar em não ouvir, e eu ouvi.

Allah Akbar!

A voz me ensinou que não haveria vida sem morte e começo sem fim, que havia chegado a hora de se entregar, que haveria depois desta noite talvez um novo dia, mas para isto eu teria de aceitar e amar este fim.

Houve então a promessa de uma nova manhã, eu então aceitei o túmulo e com isto mergulhei dentro de mim...

Allah hu Akbar!!

Coberta de negro me fiz peregrina, voltei ao deserto e nele então mergulhei, em busca daquela menina que se perdeu com a tormenta de sangue que tudo destroçou.

Eu sou aquela menina, eu sou também a peregrina, que rasgou suas vestes e suas carnes em busca daquela menina, se ela morresse antes de ser resgatada, eu também morreria porque não existo sem minha essência, não existiria sem mim.

A peregrina entrou no deserto, e encontrou a menina, mas apenas uma delas das areias voltou, e foi a menina, que só sobreviveu com a morte da peregrina, que doou sua vida para reencontrar a menina, que então pode retomar o seu caminho, e depois de um tempo conseguiu à praia chegar.

Mas eu venci!!!

Por Allah, eu venci! Venci a dor, venci a morte, venci a discórdia dentro de mim, venci os meus agressores, e por vencer é que hoje estou aqui, escrevendo este texto e vivendo de fato, há novamente a primavera em mim!

E é por ter vencido que hoje estou nesta praia ensolarada lançando minhas velas ao vento e navegando no imenso e lindo Mar sem fim.

Esta é a vida com todas as cores e aromas e flores quando se tem de viver.

Vale a pena lutar, e muitas vezes, vale a pena morrer!

Allah hu Akbar!
Maa Salama!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Munakabe - Ontem eu me senti sem roupa =S...


A foto acima retrata o tipo de chador, ou isdel, que eu escolhi para mim. Combinado com este tipo de niqab:



Dá o efeito "ninja" retratado acima.

Continuo na minha caminhada para me tornar uma "munakabe". Mas estou percorrendo este caminho com muito cuidado, muita reflexão, muita paciência e sem pressa, no ritmo certo.

Esta semana que está terminando tivemos o feriadão do Carnaval aqui no Brasil e o país para durante todo este tempo.

Bem eu não curto Carnaval.

Não é só por causa do Islam, agora então mais ainda, mas é que realmente não tem a ver comigo, com o meu jeito de ser, eu sou mais quietinha no meu canto e prefiro passeios mais "intimistas" e tranquilos.

Mas agora então, sendo uma muçulmana, é que eu não vou pular carnaval por aí porque ele é a negação de muitas coisas que defendo e que pratico em minha vida... quando novinha eu já curti sim carnaval, mas faz muito tempo que não, prefiro me manter afastada da bagunça.

Mas este Carnaval foi ótimo porque eu aproveitei o feriado para continuar a fazer minhas experiências com chador e niqab junto com a minha querida irmã Halima. Algumas vezes contamos com a presença da irmã Priscilla e de outra irmã também.

Foi ótimo, a Halima me emprestou um de seus chadors e niqabs, já que os meus ainda não estão prontos, e passeamos bastante, fomos à parques, bibliotecas (mas estava fechada =(...) supermercado, Av. Paulista, Livraria Fenac, andamos muito de metrô, e tudo isto é importante para ver como nos sentimos e como dialogamos com o mundo assim.

Aí ontem fiquei em casa, e saí com uma de minhas filhinhas fofas. Em casa ainda não tenho chador e niqab, porque como disse aí em cima, os meus ainda não estão prontos.

E sabem? Eu me senti deslocada, e estranhamente exposta, e "nua" =O!!!

Foi uma sensação tão estranha porque eu estava de fato toda coberta sim, com minhas roupinhas apropriadas, hijab, saia comprida até os pés, batinha de manga comprida, estava toda de acordo com o modo como uma muçulmana deve ser vestir, mas a sensação foi a de estar exposta por estar sem o niqab e o chador!

É muito bom estar de chador e niqab, sei que há muita controvérsia à respeito do uso de véu no rosto, muitas pessoas defendem até a visão de que não só é recomendável como seria obrigatório para toda muçulmana, eu acho que é Sunnah, é recomendável, e é minha escolha me cobrir inteira.

Mas defendo a idéia de que além de todo o conceito por detrás de se usar niqab e chador, como sempre repetindo: recato, modéstia, submissão somente a Allah, respeito, distinção enquanto muçulmana, o chador e o niqab servem também como Dawah, porque as pessoas tendem a falar conosco.

E usar chador e niqab não nos impede de nada, eu dirigo tranquilamente com niqab e chador, tomamos café, comemos, passeamos, andamos de metrô, nos divertimos muito, rimos sim, e estamos sempre bem.

Inshallah eu possa ter logo o meu chador em casa, e os meus niqabs.

E quando isto acontecer, apagarei todas as minhas fotos de rosto, e só sairei de casa com o rosto coberto por véu. Isto se chama coerência!

Salam!

Instituto de Pesquisa Histórica Regional lança projeto de página sobre o Islam


Eu tenho participado ativamente de uma comunidade sobre a novela "O Clone" no orkut, acho que é a maior comunidade sobre a novela, e uma comunidade realmente diferenciada porque tem a participação de pesquisadores e de um grupo de muçulmanos, eu inclusive, que complementa a novela com conhecimento e vivência sobre o Islam, além do trabalho impecável do corpo e moderadores da comunidade que a mantém em alto nível e realmente organizada e livre de interferências negativas, o que muito contribui para a sua altíssima qualidade.

São mais de 15.000 membros nesta comunidade e a experiência está sendo altamente gratificante porque todos têm interesse em conhecer o Islam de verdade e esclarecer dúvidas à respeito do que é apresentado na novela.

Aliás uma bela lição a ser seguida por moderadores de comunidades islâmicas no orkut, que infelizmente estão infestadas de trolls e fakes que agridem e deturpam o Islam abertamente sendo que ninguém faz nada contra isto, uma verdadeira vergonha.

Tanto que estou praticamente participando só desta comunidade, me recuso a participar de comunidades que deveriam ser sites de informação REAL E SEGURA sobre o Islam na net mas que, infelizmente, se tornaram território dominado por desinformação, ofensas contra o Islam e contra o Profeta Muhammad (saws), agressões contra os muçulmanos e deturpações do Alcorão sem que ninguém tome qualquer medida para resolver este problema.

Todo este "pacote" da comunidade "O Clone - a Novela" acabou provocando algo raro e único, a comunidade acabou se tornando um referencial cultural e isto é realmente raro e algo talvez único até.

E uma das grandes satisfações que tive ao participar desta comunidade foi conhecer a Professora Ludmila Pena Fuzzi, especializada em História Oriental e que desenvolve um trabalho de pesquisa sobre o Islam no Brasil e sobre muçulmanos, em especial nós muçulmanas, já a 5 anos.

A Professora Ludmila é também fundadora e presidente do Instituto de Pesquisa Histórica Regional, e o Instituto acaba de lançar o projeto de uma página interativa sobre o Islam. A intenção do projeto é iniciar um diálogo dentro da academia sobre o VERDADEIRO conceito histórico, filosófico e religioso do Islam, combatendo com isto os crimes de discriminação e a divulgação de estereótipos e mentiras das quais o Islam e todos os muçulmanos são vítimas hoje em dia.

A notícia está no site do Instituto.

Este é um importante projeto, assim como o trabalho de pesquisa da Professora Ludmila Pena Fuzzi é um trabalho de suma importância.

Ambos têm o meu total apoio e penso que todo muçulmano deve apoiar estas importantes iniciativas que servem como resposta à todos aqueles que trabalham insensantemente à favor da mentira, da calúnia, e da agressão discriminatória e desinformação, que são as armas daqueles cujas atitudes mostram a total falta de caráter e a opção por interesses excusos.

Que Allah abençoe este lindo trabalho que se inicia, espero poder contribuir da melhor maneira possível com este trabalho.

Salam!

sábado, 5 de março de 2011

Acordar e sorrir =)



Hoje acordei e a primeira coisa que fiz ao abrir meus olhos foi... sorrir =)

Sim sorrir, tem uma frase que está circulando pela net que diz tudo sobre isto:

SORRIA! SORRIR É SUNNAH!

E é mesmo, o Profeta Muhammad (que a paz e as bençãos de Deus estejam sobre ele) nos ensinou que sorrir para o seu amigo, para o seu companheiro, para o outro, para o seu hóspede, para as pessoas à sua volta, é também caridade.

Faz bem a todos e faz bem ao coração sorrir e vivenciar a vida com alegria em nossos corações, enfrentar os momentos difícies sabendo que não há melhor Protetor e Socorredor do que Allah, que a Ele pertencem todas as coisas e todos os caminhos, e sempre confiar em Allah, e vivenciar a vida com alegria emanada desta certeza, desta confiança.

Eu estou participando de uma comunidade muito grande do orkut dedicada à novela "O Clone", da Rede Globo, que está sendo reprisada agora, e eu não havia assistido a esta novela antes, agora quando posso eu assisto motivada pela participação na comunidade que está sendo altamente positiva e muito simpática.

E escrevi uma coisa lá que eu gostaria de escrever aqui também, sobre o Islam.

Tem algumas características do Islam que são realmente impressionantes. Uma delas é o fato de que o Islam sempre é atual, moderno, avançado, sempre está em sintonia com o tempo em que vivemos e isto é de fato algo palpável e impressionante.

Outra característica interessante, que talvez explique o que eu escrevi aí em cima, é o fato de que o Islam é uma religião extremamente simples, direta, muito natural porque é da natureza do ser humano louvar a Allah, e isto está naturalmente dentro de nós, Ele criou todas as coisas, viemos Dele e para Ele nos voltamos.

Não temos no Islam rituais complicados, símbolos e imagens cheias de significados secretos, nada disto, temos um conjunto de regras para VIVER, viver de acordo com o que Allah nos determina, e de acordo com tudo o que Ele nos provém. E estas regras são sempre naturais também, e sempre visam o bem estar e a saúde da pessoa, mas saúde aqui não só física, mas também espiritual, moral, psicológica, e social.

O Islam tem uma visão muito avançada sobre o ser humano, não o vê dentro da ótica dualista de alma e corpo, espiritual e material, ao contrário, o Islam vê o ser humano como uma unidade, onde não se dissocia o louvor do viver, e sim vive-se em louvor constante a Allah, da mesma forma que viver com saúde, se alimentar bem, cuidar de si, é também uma forma de louvar a Allah.

O Islam é também uma religião perfeitamente alinhada com o ideal de se conservar e preservar o meio ambiente.

Há mais de 1.400 anos atrás, o Profeta Muhammad (que a paz e as bençãos de Deus estejam sobre ele) nos ensinava em seus ditos e suas práticas, a não desperdiçar água em nossa abluções, a ter higiene com o nosso corpo e alimentos, a não maltratar os animais. A ter cuidado e respeito por todos os animais que estão sob os cuidados humanos, inclusive pelos animais que são lícitos de serem consumidos como alimento.

Vejam por exemplo, o sistema de abate dentro dos conceitos islâmicos, o Abate Halal. Em primeiro lugar é preciso saber que para tanto o animal tem de ser bem tratado, criado em ambiente natural ou próximo de seu ambiente natural, com boa alimentação sem elementos que façam mal tanto a ele quanto a nós, não pode passar sede, e nem fome. Portanto ele é bem cuidado e controlado desde a origem!

O abate tem de ser higiênico, e tem de provocar o menor sofrimento possível, ser rápido e piedoso, existe um modo de abater o animal de forma rápida e certeira, como se o desligasse com o corte certo, e a faca exclusiva para isto deve permanecer no corte minimizando assim ao máximo qualquer possibilidade de sofrimento.

O Islam é também chamado de "a fé inteligente" porque tudo é fundamentado, tudo tem explicação, tudo tem um conceito, você nunca fica sem uma resposta a uma pergunta dentro do Islam.

Estas características fazem do Islam uma religião equilibrada, a Religião de Deus, perfeita como todas as coisas que Allah nos provém, perfeita como Sua criação.

Sou verdadeiramente muito feliz por ser muçulmana =), e de fato apaixonada pela minha linda religião!

Eu acho que sempre escreverei aqui no meu cantinho baseada em vivência e sentimento, emoções. Talvez seja esta a minha característica principal.

Com o tempo talvez eu passe a escrever mais textos sobre teorias e citações do Alcorão e da Sunnah, mas vejo que tenho irmãos e irmãs que fazem isto com maestria, meu blog é mais voltado para o que eu sinto, e para o que eu vivencio, e com isto tento passar um pouquinho do que é ser uma muçulmana, e do que é o Islam de verdade, o Islam verdadeiro.

Salam!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Febre


Noite após noite, eu desejo sempre o mesmo
Quando as portas batem sobre mim
Eu me esforço, para abrir pelo menos uma fresta
E assim poder ao menos respirar


Meus dedos tateiam as paredes no escuro
E se ferem, arranhando a solidão
Já não há roupas rasgadas, e nem sangue em meus olhos
Resta apenas uma menina no chão


Noite após noite, eu visito os meus sonhos
Entre escombros eu reconstruo uma flor
Quando vem sobre mim os terríveis pesadelos
folhas velhas, e pétalas de dor


Sempre resta um dragão no horizonte
Sempre há em mim batalhas a travar
Toda noite, há uma dor a ser vencida
E uma vida para se reconquistar


O corte amola a faca em minha pele novamente
Tentando tapar os buracos que as pedras, não conseguiram rasgar
Já não existe mais a terra, que se manchou com o meu sangue
Mas há sempre o agressor, para se desafiar
Mas há sempre o agressor,
Sempre o agressor...