terça-feira, 29 de novembro de 2011

Munaqaba - "Como respeitar uma mulher muçulmana que usa um véu"


Mais um post sobre nós, Munaqabat, e eu vou começar dizendo que estou muito felizinha porque ganhei mais duas "companheiras" de niqab aqui em São Paulo, as minhas manas queridas Qamar e a Sarah, que Allah, Louvado seja, abençoe as duas e as recompense pela dedicação e esforço delas.

É impressionante como as pessoas de um modo em geral demonstram fascinação por nós munaqabat - muçulmanas que usamos o NIQAB = véu de rosto!! Em geral as pessoas que não são muçulmanas já demonstram extrema atenção às vestimentas das muçulmanas. Mas quando se trata de nós munaqabat esta atenção é potencializada.

Dado o fato de que a grande maioria das pessoas aqui no ocidente praticamente pouco sabem sobre o Islam de verdade, e NADA sabem sobre nós munaqabat, em geral o assunto é polêmico e muitas opiniões são as mais distorcidas possíveis, em especial porque a mídia ocidental é sensasionalista, não tem nenhum compromisso com a VERDADE, e muito menos com a IMPARCIALIDADE, o objetivo não é INFORMAR, mas sim DEFORMAR e FORMATAR opiniões de acordo com os interesses em jogo.

É igualmente impressionante para mim quando eu constato que até mesmo dentro da comunidade islâmica, muitas pessoas também nada sabem sobre nós ou então provocam polêmicas com posicionamentos preconceituosos, este é um fato mais grave ainda.

Mas desmitificando a máxima que diz que se você é uma mulher no ocidente e usa niqab, você terá problemas, eu não tenho problemas, vivo tranquilamente e sempre estou de niqab, eu posso fazer tudo de niqab e chador, sou até uma mulher bem independente na minha vida e em geral as pessoas são de fato simpáticas comigo por onde eu passo. Mas conheço muitos casos de irmãs munaqabat que são vítimas de preconceito sim, que Allah recompense a todas que passam por isto por sua fé, perseverança e coerência.

Uma irmã postou um link a alguns dias atrás no FACEBOOK, sobre um texto intitulado "Como respeitar uma mulher muçulmana que usa véu". Eu fui ler e achei extremamente interessante!! Aparentemente trata-se de um texto de autoria de uma munaqaba de outro país, que foi traduzido por um homem aqui no Brasil. A tradução aparentemente foi feita por "tradutores" como o Google Translator ou algum equivalente, e por isso contém falhas de concordância e de gramática, mas eu gostei muito do texto e recomendo a sua leitura, segue o link:


Mas, vou falar um pouquinho sobre o conteúdo do texto aqui.

Em primeiro lugar é preciso dizer que, sem querer me gabar por ser uma munaqaba, é preciso coragem e certeza de si mesma e de suas convicções para se tornar uma munaqaba. Somos polêmicas, porque há o "pré-conceito" que sem dúvida é filho direto da "desinformação".

As feministas de plantão, que NADA SABEM SOBRE NÓS, nos olham com olhares de crítica, já que não podem de forma alguma compreender aquilo que  não conhecem. Muitas pessoas olham para nós com olhar de pena, porque novamente NADA SABEM SOBRE NÓS e imaginam até como forma de fantasia própria ou fruto do pensamento deformado e formatado pela mídia ocidental, que somos oprimidas e obrigadas por homens a nos cobrir.

Alguns homens se sentem "tolhidos" de um direito que eles imaginam que têm, o direito de ter acesso visual total a todos os atributos físicos de todas as mulheres, e estes muitas vezes enfurecidos fazem comentários negativos e já presenciei até casos em que, sentindo-se desdenhados (já que para nós munaqabat, o olhar deles não é desejado) colocam em dúvida até a identidade de gênero da mulher que se cobre.

A pouco tempo atrás, uma amiga e irmã munaqaba, por sinal visivelmente grávida na ocasião, entrou em um ônibus com o seu marido, e o motorista, certamente um ignorante muito truculento e de poucas faculdades mentais, abertamente começou a alegar que ela era na verdade um travesti, fato que motivou reação do marido dela e eles acabaram chamando a polícia militar, que entretanto e como sempre, não compareceu ao local para cumprir com o seu papel. Ela estava grávida, e o sujeito teve a coragem de provocar tensão em uma mulher grávida, que Allah tenha piedade da alma escura dele...

Mas muito pior do que isto, é quando você constata que temos entre nós irmãs que também demonstram preconceito contra nós, algo absurdo e extremamente grave e triste, seja porque "quem faz expõe quem não faz" ou por que sempre existe a intenção de se implantar uma ditadura de pensamento onde "ou você pensa e age como eu penso e ajo, ou você está errado..." mas isto invariavelmente acontece.

Já que o preconceito é fruto da falta de informação, nada melhor do que a informação segura para combater este mesmo preconceito...

Então vamos lá, começando com a INFORMAÇÃO, a mais popular confusão de todas: OPRESSÃO!

Gente, entendam de uma vez por todas, nós munaqabat não somos forçadas por nossos pais ou maridos a usar o véu, ISTO É MENTIRA DA MÍDIA OCIDENTAL!!!

Ao contrário, muitas vezes temos de brigar até com pais e maridos pelo nosso direito, como mulheres livres, de usar o véu!!

Cada vez mais no mundo todo, muçulmanas estão voltando a adotar o niqab, e por inúmeras razões! Por convicção, por fé, pela busca pelo Islam original de verdade, por extrema modéstia. De qualquer maneira, as outras mulheres e todas as pessoas vão ter de conviver com este fato, é estas novas munaqabat fazem isto de vontade própria, estabelecem um diálogo pacífico com o mundo ao seu redor, e convictas passam a se cobrir por completo.

Estas são estudantes, trabalhadoras, filhas, mães, esposas, e estão por aí no mundo todo, no Brasil, na Alemanha, no Egito, em todos os países.

Outra coisa que me perguntam com frequência, é se somos mais "avançadas" na religião do que as nossas queridas irmãs que usam hijab, o véu de cabeça. A resposta clara é NÃO, isto não existe no Islam, todos os muçulmanos são muçulmanos, o que temos são sábios e Sheikhs que dedicam a sua vida ao estudo do Islam, durante árduos anos, apenas isto, e mesmo assim, perante Allah somos todos iguais.

E quanto ao calor?? "Aaah, você sente calor, não sente??" - sim, como todas as pessoas, eu sinto calor, frio, sede, fome, sou um ser humano, mas digo que não sinto nada mais do que outras pessoas porque estou acostumada a me cobrir, e porque os tecidos são leves, eu respiro normalmente e muitas vezes me sinto até mais refrescada do que antes de usar niqab e chador, porque simplesmente não estou exposta ao sol e porque minhas vestes permitem a renovação do ar ao meu redor e o mantém mais tempo em temperatura mais amena.

Mas acima de tudo, Subhanallah!!! Somos mulheres RELIGIOSAS!!! E como tal, merecemos respeito, é triste ver pessoas na rua se transformando em verdadeiros IMBECIS SIMIESCOS (me perdoem o termo) ao proferir impropérios contra mulheres religiosas simplesmente porque são religiosas do Islam, e estas nada sabem sobre o islam além da opinião enlatada e em conserva que foram obrigadas pela mídia a engolir, triste mesmo isto, porque aos nossos olhos, é como estas pessoas se parecem!

E somos livres, portanto temos sim o direito de nos cobrir, tentar nos obrigar a ser como outras pessoas, tentar nos obrigar a tirar o niqab, ISTO SIM É OPRESSÃO E TRUCULÊNCIA!!

Agora, reparem como é tresloucado este comportamento das pessoas: elas olham para nós, afirmam com base em seus preconceitos que "burqa é opressão!" (para quem nada sabe, tudo é burqa...) e estas mesmas pessoas querem NOS OBRIGAR a tirar o véu, praticando assim o que mesmo??? OPRESSÃO!!! Pode isto?

O fato é que o mundo de hoje em dia finge discutir e se preocupar muito com diversas formas de preconceito. Mas a realidade é que tudo é lembrado, preconceito racial, preconceito sexual (este então é a bola da vez né?), preconceito contra pessoas portadoras de necessidades especiais, mas quando se trata de nós munaqabat, parece que as pessoas se esquecem de seus próprios atos preconceituosos.

E, por último aqui neste post, porque certamente ainda falarei muito sobre munaqabat, afinal eu sou uma, relembrando que o PRECONCEITO é fruto da FALTA DE CONHECIMENTO, vamos procurar nos informar mais sobre um assunto antes de emitir opiniões sobre ele, afinal é certo que 99,9% das pessoas que emitem opiniões sobre munaqabat, NUNCA CONVERSARAM COM UMA PARA SABER, assim como 99,9% das pessoas que não são muçulmanas e falam do Islam NADA SABEM SOBRE O ISLAM e NUNCA SEQUER CHEGARAM A CONHECER UM(A) MUÇULMANO(A).

Então você encontra diversas matérias e textos na internet e nos meios de comunicação sobre nós munaqabat, a maioria maciça totalmente errada e enganosa, e depois você lê inúmeras opiniões totalmente enganadas a nosso respeito, e no fim, basta conversar com uma de nós, ou então procurar fontes seguras sobre o assunto, para perceber que não somos simplesmente nada do que lhe falaram a nosso respeito, no fundo somos apenas mulheres como todas as outras, só isto...

Espero ter ajudado a esclarecer, se fiz isto, vou ficar felizinha tá bom? =)

Ah, e leiam o texto cujo link está aí em cima, ele é de fato muito bom, eu gostei.

Salam! =)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

E chegamos ao fim do ano de 1432...

Escrevo este post nos últimos momentos do ano de 1432 AH, pois hoje com o aparecimento da lua, inicia-se o ano de 1433 AH no nosso calendário.

Este novo mês, o primeiro do ano, é o mês de Muharram, e o mês de Muharram é um dos meses sagrados que são mencionados no Alcorão, ao lado dos meses de Rajab, Dhul-Hijjah e Dhul-Kidah.

Além do jejum no mês de Muharram ser sunnah (recomendável), temos o Dia de Ashurah no décimo dia do mês, um dia importante onde devemos observar o jejum assim como nos ensinou o Profeta (saws). O jejum deve ser feito no dia 09 e no dia 10 de Muharram, ou então no dia 10 e no dia 11 de Muharram.

Em breve escreverei um post sobre o Dia de Ashurah, mas vamos lá, vamos falar um pouco do ano que se passou, um ano marcante para mim de forma pessoal, e acredito que para todos os muçulmanos de forma coletiva.

1432 AH foi um ano vivido intensamente, por mim, pelo Brasil, pelo mundo todo.

Foi um ano em que assistimos a comunidade islâmica brasileira crescer de forma espantosa alhamdulillah, muitas reversões em todas as mesquitas, muitas irmãs e irmãos novos, foi um ano também em que muito conhecimento foi divulgado, em que pudemos fazer Dawah com as graças de Allah.

1432 AH foi um ano em que assistimos os nossos irmãos de muitos países do Oriente Médio passarem por momentos marcantes, a consolidação da Revolução no Egito, o povo está na rua neste exato momento mostrando que não está dormindo não, que tirar o ditador foi apenas o primeiro passo, que há todo um caminho a ser percorrido, que há um preço a ser pago, e que eles são de fibra e sabem muito bem disto.

Este foi também um ano em que muitas irmãs e muitos irmãos foram para a rua com cartazes e reivindicações nas mãos e nos corações, um ano em que o mundo todo mudou profundamente, devemos orar por aquelas pessoas que atravessam momentos delicados em seus países como a Grécia, os países da Europa, nossos irmãos dos Estados Unidos, foi também um ano em que nossos irmãos da Palestina Ocupada começaram a ser ouvidos de fato, todos os palestinos, sejam estes muçulmanos ou cristãos, todos os que sofrem as atrocidades desumanas e brutais praticadas por um estado fictício imposto à força, truculento injusto racista e brutal, que Allah abençoe e proteja a vida de todos os palestinos.

1432 AH foi o meu primeiro ano completo como muçulmana, meu primeiro Ramadan que nunca mais esquecerei, um ano em que aprendi muito, um ano de mesquita, de amigas lindas e especiais na minha vida, um ano marcante e intenso para mim.

Foi um ano em que também cresci não só como muçulmana mas como pessoa, e agradeço a Allah, louvado seja, por todos os momentos e por todos os ensinamentos.

Infelizmente algumas coisas estão indo embora também com o ano, entre elas um sonho... um sonho que eu sonhei porque alguém me propôs sonhar, mas este mesmo que me propôs este sonho me fez acordar, porque me decepcionou profundamente.

E com isto eu rompi o meu noivado, e este sonho se vai também com este ano, mas em compensação eu senti!! Pela primeira vez na vida eu senti algo, e eu nunca na minha vida senti algo por alguém, então agradeço a Allah porque me deu a dádiva de conseguir ter de volta o direito de sentir amor, porque este direito me foi roubado um dia, e eu sou uma guerreira, e assim como lutei muito e travei várias batalhas por minha vida e pelo direito de ter uma vida plena novamente, eu lutei muito para ter de volta o direito de sentir amor, e pelo jeito eu venci mais esta batalha, Louvado seja Allah!

Que o novo ano que se inicia seja um ano abençoado por Allah para todos os meus irmãos e irmãs no mundo todo, Allah o Único!!

Que possamos, neste ano de 1433 AH, reforçar os nossos laços de comunidade islâmica, que possamos seguir firmes no louvor a Allah, Louvado seja para sempre, o Único, só Ele é digno de adoração!!

Que possamos reforçar a nossa fé, e seguir cada vez mais os ensinamentos do Profeta Muhammad (saws) o último dos Mensageiros de Allah e que a vida e os caminhos de todos no mundo todo sejam abençoados...

Eu vou seguir a minha estrada, felizinha como sempre, com coragem para vivenciar a vida, como sempre tive, com coragem para amar, com coragem para viver!

Salam! =)




terça-feira, 22 de novembro de 2011

MESQUITAS DO BRASIL - Mesquita de Brasília

Mais um post da série MESQUITAS DO BRASIL, e desta vez vamos conhecer a linda Mesquita de Brasília!

Mas bem, na verdade não vamos conhecer muita coisa porque simplesmente não existem informações e nem muitas fotos sobre a Mesquita de Brasília na internet.

Como eu já escrevi em outros posts, o fato é que carecemos muito de informações sobre as nossas mesquitas.

Geralmente, para cada post da série MESQUITAS DO BRASIL que escrevo, sou obrigada a me dedicar a um verdadeiro trabalho de garimpo à procura de fotos, fatos, e informações.

Em geral sou bem sucedida, depois de horas e mais horas de procura. Em alguns casos, me surpreendo! Por exemplo, confesso que eu esperava encontrar muitas dificuldades para achar informações e fotos sobre a Mesquita de São Miguel Paulista, pelo simples fato de que eu não sabia nada sobre ela. Mas no fim do trabalho de procura de informações, me surpreendi com uma bela e grande coleção de fotos e informações completas até sobre a fundação da mesma.

Já no caso da Mesquita de Brasília, infelizmente a surpresa foi o contrário do caso retratado acima, eu esperava encontrar muitas informações mas no fim acabei com pouquíssimas fotos do entorno da mesma e quase nada além do endereço dela.

Esta foi a única foto que eu encontrei retratando o interior da Mesquita de Brasília, ela mostra as portas de acesso ao salão de orações e o reservado para mulheres, mas não encontrei uma foto sequer do mishrab e do mimbar da mesquita...

O curioso é que existe uma outra mesquita em Brasília, localizada no terreno em frente à atual Mesquita do Centro Islâmico de Brasília, uma mesquita abandonada, em ruínas, e eu consegui mais informações e fotos dela do que da atual mesquita.

Tentei então conseguir informações com alguém de Brasília, mas estranhamente fui mal sucedida, fato aliás que achei estranho, e me fez suspeitar que existe algum tipo de problema na comunidade islâmica de lá.

Bem mas Allah sabe mais, e vamos então ao que eu consegui de fotos e informações...

A Mesquita do Centro Islâmico de Brasília fica na 712/713 Norte e chama a atenção pelo tamanho, acabamento claro e clean, com grande parte da mesquita e das edificações no seu entorno em cor branca e pela arquitetura, uma releitura "brasiliense" da arquitetura árabe.

Com área de 2,8 mil m², é considerada a maior mesquita da América Latina, com capacidade para mil pessoas.

Ela está aberta à visitação pública, faz parte de vários roteiros turísticos da cidade,  funciona todos os dias, das 9h às 17h, com exceção da sexta-feira. Nesse dia, a mesquita fica fechada para visitação pública e é reservada à Khutba (sermão de sexta-feira) e para o Salat Juma (oração de sexta-feira).

O minarete da Mesquita de Brasília tem 37 metros de altura.

O minarete da Mesquita de Brasília

No terreno em frente à mesquita existe uma mesquita abandonada, aparentemente ela é anterior á atual mesquita, não sei o que houve com ela, mas é uma mesquita realmente impressionante, com páteo interno dividido em dois páteos e de grandes dimensões.


Foto aérea mostrando a Mesquita de Brasília com sua cúpula azul, rodeada pelas outras edificações do amplo Centro Islâmico de Brasília, e a mesquita abandonada no terreno em frente.

No destaque, a mesquita abandonada, com sua cúpula verde. Esta é uma mesquita em configuração de páteo central, deve ser a única com esta configuração no Brasil, e ela é realmente enorme, maior do que a mesquita atual.

Aparentemente o terreno ainda pertence ao Centro Islâmico de Brasília.


O páteo interno da Mesquita de Brasília

No próximo post da série MESQUITAS DO BRASIL, vamos voltar à região sudeste.

Salam!

domingo, 6 de novembro de 2011

Eid Mubarak!

Há mais ou menos um ano atrás...

Você já olhou para o céu hoje?

Como é magnífica toda a criação, pensando assim e depois de escrever eu sinto novamente paz dentro de mim, acho que Deus quer dizer algo para mim com isto...

E acho que eu tenho algo a dizer perante todos, algo que já foi dito em voz alta por mim:

Ash hadu an la illaha ilah Allah, wa ash hadu anna Muhammadan hasulullah

São Paulo, 19 de outubro de 2010

Este post acima foi publicado na noite do dia em que eu fiz a minha Shahada, no meu blog anterior, o Livro das Sombras, porque este meu cantinho atual é o Livro da Luz..

Eu deveria ter postado ele no dia certo, mas nada é muito certo segundo a visão humana nesta vida, apenas é certo no conhecimento que só Allah, louvado seja, tem de tudo, de todos, dos nossos caminhos, das nossas horas, e é bom que seja assim, porque só a Ele pertence o conhecimento e só Dele é a determinação de tudo.

Mas, bem eu não publiquei no dia em que eu havia planejado, e o que são planos enfim? Planos, são na verdade a expressão de nossa vontade, daquilo que queremos fazer ou do que queremos para nós, INSHA ALLAH!! Ou seja, se for da vontade de Allah, acima de tudo, existe sempre a condicional que é: minha meta é esta, e eu quero fazer isto, se esta for a vontade de Allah que tudo sabe, que tudo vê, que escreve as linhas de nossas histórias e determina as curvas e retas de nosso caminho, o momento em que começamos a caminhada, e o momento em que saimos da estrada.

Agora, passado mais de 1 ano da minha reversão ao Islam, eu ando envolvida com sérias reflexões, e agradeço a Allah porque tenho a capacidade de mergulhar em mim e me ver refletida no espelho de minha alma, oceano profundo e acolhedor onde me encontro com os meus encantos e mistérios, nem todos ao alcance da visão e da compreensão de outras pessoas...

Assim, estou aqui a pensar mais uma vez sobre mim, sobre as minhas escolhas, sobre os meus caminhos, e sobre a minha vida enfim.

Não é ruim este momento, apenas acho que preciso fazer algumas mudanças, confesso que andei meio desanimada com algumas coisas e algumas pessoas sim, que fazem ou deviam fazer parte da minha vida, confesso que estou revendo muitas coisas, e por este motivo, aliado ao fato de que a minha filha mais velha se submeteu a um procedimento cirúrgico, me fizeram escrever menos aqui nos últimos tempos.

Mas eu sou uma muçulmana!! E não sou muçulmana da boca para fora, só por falar, de brincadeira.

Eu realmente confio em Allah, não há melhor Protetor, e Provedor, do que Allah, Louvado seja.

Então eu tenho sim serenidade apesar de algumas vezes ficar triste ou desanimada, e isto é humano. É em Allah que deposito a minha esperança, e a minha confiança.

Há mais ou menos um ano atrás eu pronunciei a minha Shahada...

Faz 1 ano que eu sou muçulmana, de lá para cá muitas coisas aconteceram na minha vida, houve muita mudança, muitos passos foram dados, alguns para a frente, outros para o lado...

Como sempre eu me sento na beira do abismo e observo o sol anunciar a Alvorada, e com esperança me deixo banhar pelos raios novos de mais uma linda manhã, está vindo como sempre vem um novo dia, com suas novas histórias, novas cores e novos sabores, e eu estou pronta para saborear este novo raiar do dia intensamente...

Allahu Akbar!


Testemunho


A irmã Sarah Ghuraba Morrison está gravando uma série de testemunhos de irmãs sobre como conheceram o Islam e como se deu a reversão de cada uma.

Eu dei a minha contribuição e este é o meu testemunho.

Espero que gostem da minha história, mas acima de tudo que sirva como ajuda e incentivo para outras pessoas, esta é a intenção deste lindo trabalho da irmã Sarah, que Allah a recompense por isto e a abençoe sempre!

Salam!

sábado, 5 de novembro de 2011

O Dia de Arafah


Estamos no 9º dia do mês de Dhul Hijja de 1432 A.H. segundo o calendário islâmico, e este é o dia de Arafah.

O Dia de Arafah é um dos dias mais importantes do Hajj, a peregrinação à Makka (Meca), um dos 5 pilares do Islam que se iniciou ontem.

Neste dia, o Profeta Muhammad (saws) se dirigiu ao monte Arafah, em Makka, e proferiu o lindo e importante Sermão da Despedida. Foi neste dia que o Islam foi aperfeiçoado, foi neste dia que o Islam foi concluído, a partir de então temos a Religião de Deus perfeita e concluída como a temos até hoje, e os nossos irmãos e irmãs que se encontram na peregrinação neste exato momento com as graças de Allah, se dirigem então ao Monte Arafah para lembrar e celebrar este importante dia para todos os muçulmanos.

No mundo todo, fazemos jejum e orações para nos lembrarmos do Dia de Arafah e dos nossos irmãos e irmãs que estão fazendo o Hajj neste momento, que Allah aceite a peregrinação e o esforço deles.

O Jejum do Dia de Arafah é altamente recomendado porque serve como expiação para os pecados do ano passado e do próximo ano.

Então é de fato um dia importante para nós, e eu quero celebrar este dia aqui no meu cantinho falando do Sermão da Despedida e do Profeta Muhammad (saws).

O Sermão da Despedida é para mim o fechamento perfeito da mensagem de Allah, Louvado seja para sempre, para toda a humanidade. Esta mensagem teve início com o Profeta Adão (a paz esteja com ele) e se concluiu com o último dos mensageiros de Allah, Louvado seja, Muhammad (saws). Ele contém passagens belíssimas que falam sobre igualdade, sobre a importância de se passar a mensagem adiante, sobre o compromisso que todos nós temos de sempre, para sempre, até o Dia do Juízo, repetirmos estas palavras que ecoam no tempo desde aquele dia memorável e chegam até nós.

Há muito que ser falado sobre o Profeta Muhammad (saws), certamente, e só quem conhece a VERDADEIRA HISTÓRIA dele, a sua biografia verdadeira registrada na íntegra, sabe de verdade o homem mais perfeito que ele foi.

O Profeta (saws) era um homem humilde, simples, iletrado, que nunca aprendeu a ler e escrever assim como todos os de sua época e da sua região, órfão criado por um tio, conhecido por sua sinceridade, fidelidade e senso de justiça, que consumiu a sua própria vida em sua missão de trazer para toda a humanidade o selo da revelação de Allah, cristalizado na forma de um livro que é um milagre em si mesmo, o Alcorão, e nas suas práticas e ditos, na narrativa da sua própria vida, que é a Sunnah.

Sendo um homem simples e iletrado, ele foi surpreendido pelo início da revelação, e muito sofreu com isto, sendo rejeitado e combatido pela sua própria gente, acostumada com a idolatria da Era da Ignorância, até o ponto de ter de sair de sua própria cidade natal para não ser assassinado.

O tempo passou, até que um dia ele conquistou Makka, de forma pacífica, sem vingança, sem punição, sem luta, e estabeleceu a religião.

Este homem simples se tornou o unificador de uma nação imensa, fundador de mais de 8 grandes impérios, por sua missão, uma língua que é uma verdadeira obra de arte foi condensada e refinada, todo um conjunto de conhecimento científico, tecnológico e matemático foi construído e as bases de nosso mundo atual foram lançadas.

No entanto, ao contrário de outros grandes líderes do mundo antigo e até do atual, quando ele já tinha toda a península árabe sob o seu comando, em sua casa havia pouco mais do que sua cama e uns poucos móveis, ele deixou como herança apenas um animal de montaria, e tudo o que ele recebia ou conquistava incluíndo presentes e oferendas, era totalmente dividido entre os muçulmanos.

O Profeta (saws) realizou a sua última peregrinação à Makka, e sentindo que se aproximava a sua hora, proferiu o Sermão da Despedida no Monte Arafah.

Pouco tempo depois, ele viria a falecer, deixando para nós o legado da conclusão da mensagem. O Profeta (saws) está enterrado no lugar exato onde ele morreu, no quarto da casa de Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela) sua esposa, que hoje é exatamente abaixo da famosa cúpula verde do anexo da mesquita Al Nabawi, a Mesquita do Profeta (saws) em Madina, na Arábia Saudita.

Que Allah aceite o esforço de nossos irmãos e irmãs que estão no Hajj este ano, que Allah aceite o nosso jejum, e nos renove a fé, a união, porque hoje somos a Nação do Profeta Muhammad (saws), espalhados pelo mundo todo, somos bilhões de pessoas, e repetimos as suas palavras, para que sejam ensinadas e lembradas para sempre, até o Dia do Juízo quando compareceremos diante do Senhor dos Mundos.

O Sermão da Despedida

“Ó Povo, preste atenção, porque eu não sei se estarei entre vocês novamente depois desse ano. Portanto, ouçam o que estou dizendo com muita atenção e levem essas palavras para aqueles que não puderam estar presentes aqui hoje.

Ó Povo, assim como consideram esse mês, esse dia e essa cidade como sagrados, considerem a vida e a propriedade de todo muçulmano como sagrados. Devolvam os bens que lhes forem confiados aos seus legítimos donos. Não prejudiquem uns aos outros para que ninguém os prejudique. Lembrem que encontrarão seu Senhor, e que Ele pedirá contas de seus atos. Deus proibiu a usura (juros) e, portanto, todas as obrigações baseadas em juros devem ser renunciadas. O seu capital, entretanto, deve ser mantido. Não devem infligir nem sofrer qualquer injustiça. Deus julgou que não deve haver juros e que todo o juro devido a Abbas ibn Abd’al Muttalib deve, portanto, ser renunciado...

Tenham cuidado com Satanás, pela segurança de sua religião. Ele perdeu a esperança de desviá-los nas grandes coisas, então fiquem atentos para não o seguirem nas pequenas coisas.
Ó Povo, é verdade que têm certos direitos em relação às suas mulheres, mas elas também têm direitos sobre vocês. Lembrem que as tomaram como esposas somente sob a custódia de Deus e com Sua permissão. Se elas mantiverem os seus direitos então a elas pertence o direito de serem vestidas e alimentadas com gentileza. Tratem bem suas mulheres e sejam gentis com elas, porque elas são suas parceiras e ajudantes dedicadas. É seu direito que elas não façam amizade com quem não aprovem, e também que sejam castas.

Ó Povo, me ouçam com atenção, adorem a Deus, façam suas cinco orações diárias, jejuem durante o mês de Ramadã, e paguem o Zakat. Façam o Hajj se tiverem os meios.
Toda a humanidade descende de Adão e Eva. Um árabe não é superior a um não-árabe, nem um não-árabe tem qualquer superioridade sobre um árabe; o branco não tem superioridade sobre o negro, nem o negro é superior ao branco; ninguém é superior, exceto pela piedade e boas ações. Aprendam que todo muçulmano é irmão de todo muçulmano e que os muçulmanos constituem uma irmandade. Nada que pertença a um muçulmano é legítimo para outro muçulmano a menos que seja dado de livre e espontânea vontade. Portanto, não cometam injustiças contra vocês mesmos.
Lembrem que um dia se apresentarão perante Deus e responderão pelos seus atos. Então fiquem atentos e não se desviem do caminho da retidão após eu partir.
Ó Povo, nenhum profeta ou apóstolo virá depois de mim, e nenhuma nova fé nascerá. Reflitam bem, portanto, ó povo, e compreendam as palavras que eu lhes transmito. Eu deixo duas coisas, o Alcorão e o meu exemplo, a Sunnah, e se os seguirem jamais se desviarão.
Todos aqueles que me ouvem devem passar minhas palavras adiante muitas vezes; e que os últimos compreendam melhor as minhas palavras do que aqueles que me ouvem diretamente. Seja minha testemunha, Ó Deus, de que eu transmiti a Sua mensagem para o seu povo.”

terça-feira, 1 de novembro de 2011

MESQUITAS DO BRASIL - Mesquita de São Miguel Paulista - São Paulo (SP)


Vamos voltar à cidade de São Paulo (SP) para conhecer, na série MESQUITAS DO BRASIL, a linda Mesquita de São Miguel Paulista!

A Mesquita de São Miguel Paulista é a sede da Sociedade Beneficente Cultural Islâmica de São Miguel Paulista, e ela está localizada à rua Capitão Manoel Guimarães, 700 - São Miguel Paulista - São Paulo (SP).

A Sociedade foi fundada em 1978 por Ali Bakarat Abbas, libanês que veio para o Brasil em 1956 com 14 anos de idade.

Foto antiga da Mesquita de São Miguel Paulista, vista da Rua Capítão Manoel Guimarães, antes da construção do seu minarete e das novas instalações no seu entorno.

O início da construção da mesquita se deu em 27 de janeiro do mesmo ano de 1978, e sua inauguração oficial aconteceu em 1 de agosto de 1982, na gestão do presidente Mohamed Ibrahim Salim.

Minarete da Mesquita de São Miguel Paulista, interessante notar nesta foto a silhueta do Mishrab da mesquita se destacando da parede do pavimento superior, apontando a direção da Qibla.

O minarete da mesquita foi inaugurado em 30 de junho de 2000.

A Mesquita de São Miguel Paulista possui amplas instalações que incluem um grande salão de eventos, parque infantil, estacionamento e demais dependências.

Foto da lateral da Mesquita de São Miguel, mostrando suas amplas instalações que incluem jardim, parque infantil, páteo lateral e estacionamento entre outros

O salão de oração localiza-se na parte superior da mesquita.

Este caracteriza-se pelo design "clean" que encontramos em outras mesquitas do Brasil, tendo colunas que rodeiam a cúpula central que permite a entrada de luz natural através de vitrôs.

O salão de oração da Mesquita de São Miguel, amplo, mostrando as colunas que rodeiam a cúpula da mesquita 

O mishrab e o mimbar da Mesquita de São Miguel Paulista

A área reservada para mulheres faz parte do salão de orações e é cercada por tecido rendado em bonito e leve arranjo.

A área reservada às mulheres no salão da Mesquita de São Miguel Paulista

A Mesquita de São Miguel Paulista é sempre incluída em roteiros culturais do distrito de São Miguel, além de ser sempre citada em trabalhos e textos sobre o bairro e sua história.


No próximo post da série MESQUITAS DO BRASIL, vamos viajar para a capital federal e conhecer a Mesquita de Brasília.

Salam!