"A Avaaz é um aliado e um espaço de manifestação para pessoas oprimidas e injustiçadas, ajudando a criar mudanças reais. "
Está escrito assim na página inicial do site da organização Avaaz (http://www.avaaz.org), uma organização que afirma "mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas querem."
No entanto, curiosamente a organização se mostra dúbia, ausente, e inativa em relação a determinados "assuntos", sobretudo quando as pessoas oprimidas e injustiçadas são muçulmanos e muçulmanas vítimas de preconceito religioso e truculência instituída.
Porque será que esta organização que se mobiliza tantas vezes, se mostra assim? Agindo com dois pesos e duas medidas? Eu não sei a resposta disto, mas só posso considerar hipocrisia a atitude de uma organização que diz agir sobretudo em situações de crise e emergência, mas nada fez para defender as mulheres muçulmanas que usam niqab, munaqabat como eu, na França e em outros países do continente europeu, quando estas, que são filhas, mães de família, trabalhadoras, cidadãs, irmãs, esposas, são presas como criminosas e maltratadas por causa de sua escolha pessoal e de sua religiosidade.
Eu sempre participei das campanhas da Avaaz, e agora por conta desta percepção decidi não mais participar até que eu tenha uma explicação clara sobre esta falta de atitude em relação a estas mulheres que são justamente oprimidas e injustiçadas por um estado truculento e preconceituoso.
Mas não vemos isto apenas em relação a esta organização, e sim em grande parte do ocidente, onde uma população emburrecida e dominada por uma imprensa que sempre traz em seu bojo segundas e terceiras intenções, e cujo principal foco de atuação é a DEFORMAÇÃO e não a informação, é a DIREÇÃO DA FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA, segundo objetivos claramente definidos e de fácil leitura para quem se aventurar a observar a atuação desta minuciosamente.
Senão vejamos: Já repararam como é difícil para uma pessoa que vive no Ocidente, perceber naturalmente que o mundo não é só o Ocidente? Que existe o outro lado de um mesmo planeta? Que há sim diferenças entre países, regiões, continentes, mas também há muita igualdade ou equivalência?
E, falando no caso específico de nós munaqabat, já repararam na incongruência entre o que a imprensa "informa" aqui no ocidente, ou seja, que nós munaqabat somos oprimidas, excluídas, obrigadas a nos cobrir por nossos pais, maridos e parentes homens, quando na verdade quem sai às ruas de Paris e outras cidades da Europa para protestar de forma clara e atuante contra a absurda injusta opressiva e preconceituosa, senão desumana, proibição de usarmos os nossos niqabs somos nós MULHERES? E não os nossos homens?
E, no rastro de toda esta desinformação plantada no Ocidente pela mal intencionada imprensa e pelos órgãos de informação e mídia, vemos a atitude absurda de algumas pessoas que simplesmente aplaudem medidas cretinas como esta da França, um país que já foi o arauto da cultura e do refinamento no mundo, e que envelheceu, e decaiu como vem decaindo, economicamente, socialmente, moralmente.
No caso específico da França, o uso de niqab e burcas foi proibido a partir de abril de 2011 e causou a prisão de várias mulheres, sendo que a primeira cidadã francesa a ser arbitrariamente algemada em público e presa, é uma mãe de uma menina de 4 anos, divorciada. Seu nome é Hind Ahmas.
"Vivo como qualquer mulher, a única diferença é a minha escolha de vestimenta", afirma Ahmas. E de fato somos apenas mulheres, mães de família, esposas, avós, filhas, profissionais de vários setores, algumas de nós são professoras, médicas, psicólogas, donas de casa, e o que nos diferencia é algo que todo ser humano tem ou pelo menos DEVERIA ter direito: opção religiosa, e escolha de vestimentas.
"Retirar o niqab significaria renegar a minha fé. Faz quase sete anos que uso o véu integral, muito antes das discussões sobre a lei. Não cubro o rosto por provocação ou porque o assunto está na moda" ,dia Ahmas, que mora em Aulay-sous-Bois, uma periferia pobre de Paris.
"Eles queriam me revistar e exigi que fosse uma policial feminina. Mas não precisavam me algemar, foi abuso de autoridade."
Ela considera que a condenação na Justiça é "uma excelente notícia porque dá destaque para o assunto e representa o ponto de partida para conseguir a revogação da lei." E afirma: "O governo francês criou a lei do véu integral por motivos eleitorais, para desviar a atenção em relação aos reais problemas do país..."
"Vivo como qualquer mulher, a única diferença é a minha escolha de vestimenta", afirma Ahmas. E de fato somos apenas mulheres, mães de família, esposas, avós, filhas, profissionais de vários setores, algumas de nós são professoras, médicas, psicólogas, donas de casa, e o que nos diferencia é algo que todo ser humano tem ou pelo menos DEVERIA ter direito: opção religiosa, e escolha de vestimentas.
"Retirar o niqab significaria renegar a minha fé. Faz quase sete anos que uso o véu integral, muito antes das discussões sobre a lei. Não cubro o rosto por provocação ou porque o assunto está na moda" ,dia Ahmas, que mora em Aulay-sous-Bois, uma periferia pobre de Paris.
"Eles queriam me revistar e exigi que fosse uma policial feminina. Mas não precisavam me algemar, foi abuso de autoridade."
Ela considera que a condenação na Justiça é "uma excelente notícia porque dá destaque para o assunto e representa o ponto de partida para conseguir a revogação da lei." E afirma: "O governo francês criou a lei do véu integral por motivos eleitorais, para desviar a atenção em relação aos reais problemas do país..."
Hind Ahmas sendo presa na França
Diante das impressionantes e brutais cenas de prisão de mulheres na França, o mundo pouco se mexeu para protestar, e a organização Avaaz NADA FEZ CONTRA ISTO.
Mas, não é a própria organização que diz ser um espaço de manifestação para pessoas oprimidas e injustiçadas? E que afirma atuar positivamente em situações de emergência e crise?
Não é esta organização que afirma construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que desejamos viver?
Eu escrevi reclamando, e recebi uma resposta vaga onde fui informada simplesmente que não sou obrigada a participar das campanhas da organização.
Respondi afirmando que isto mostra claramente que a Avaaz trabalha com dois pesos e duas medidas, e desta vez não obtive resposta nenhuma.
Diante disto, decidi não mais participar e nem apoiar as campanhas da entidade, já que para mim há um só peso e uma medida: OPRESSÃO, PRECONCEITO, BRUTALIDADE, INJUSTIÇA, É A MESMA PARA TODOS E PROVOCA AS MESMAS DORES E OS MESMOS DANOS, INDEPENDENTE DE IDADE, COR DA PELE, NACIONALIDADE, CULTURA, RELIGIÃO.
O mais importante disto tudo é o fato de que isto mostra que nós munaqabat somos mulheres fortes, atuantes e corajosas. Somos religiosas e temos orgulho de nossa religião, de nossas roupas, de nossa escolha.
Nós munaqabat estamos presentes em todos os países do mundo, inclusive aqui no Brasil, e vamos continuar a existir, a resistir, e a lutar por nossos direitos e por nossa liberdade, até o fim!
E nada vai nos fazer tirar os nossos niqabs, ao contrário, toda esta hipocrisia em relação a nós só nos torna mais fortes, unidas, coerentes com nossas escolhas, e certas de nossa identidade.
Que Allah abençoe o nosso esforço, e facilite os nossos passos.
Salam!