terça-feira, 26 de março de 2013

Reflexões quanto ao texto de Nasreen Amina



Eu penso que o texto postado por mim no post anterior, de autoria da irmã Nasreen Amina, traduzido por Aline Freitas e que me foi passado por uma amiga, é praticamente um manifesto contundente!

Um manifesto sobretudo contra a falta de diálogo, entendimento, e compreensão. E todas estas faltas são mães legítimas do preconceito, e do desentendimento.

Desde que me tornei muçulmana eu constato com certo espanto a distância abismal e colossal que existe entre a nossa realidade de mulheres muçulmanas, e o pretenso "conhecimento" que as feministas têm sobre nós no mundo todo.

Até quando este quadro vai perdurar?

E porque ele existe?

Será de fato a falta de informação? Eu não creio, sinceramente não creio nisto. Porque nós mulheres muçulmanas estamos em todos os cantos do mundo!! E temos nos manifestado de todas as formas possíveis!! Basta ver a quantidade de sites, blogs, perfis públicos na internet que pertencem à mulheres muçulmanas! Usamos de todos os meios de comunicação para falar sobre nós, para termos voz, para exercermos o direito que temos de nos comunicar mas mesmo assim a maioria das pessoas insiste em não nos ouvir, insiste em nos estereotipar segundo as suas próprias crenças que são de fato totalmente falhas e supersticiosas a nosso respeito. E isto é grave, muito grave, porque gera nada mais do que PRECONCEITO, VIOLÊNCIA MORAL E SOCIAL, E DESAVENÇAS DE AMBAS AS PARTES.

O fato é que temos no mundo um movimento feminista que é importante para a realidade das mulheres hoje em dia, que sim foi o motor de muitas conquistas sociais e pela derrubada de muitos paradigmas da opressão, segregação, e violência no mundo, porém, as feministas têm FALHADO ESPETACULARMENTE AO LONGO DO TEMPO AO SE RELACIONAR CONOSCO, MULHERES MUÇULMANAS,  e CONTINUAM A FALHAR DE FORMA MONUMENTAL.

E VÃO CONTINUAR A FALHAR ATÉ O DIA EM QUE SE PERMITIREM A ALGO BEM SIMPLES: NOS OUVIR, E AÍ SIM DE FATO CONHECER DE VERDADE A NOSSA REALIDADE.

PORQUE É FATO: O FEMINISMO MUNDIAL NADA SABE SOBRE NÓS.

E fica uma questão no ar, porque isto? MEDO? Medo de constatar que as suas crenças em relação a nós são falsas? Medo de descobrir que existem outras realidades femininas no mundo que não são uniformizadas e cujas necessidades são diferentes?

Ou será que há outras razões ocultas por trás disto, como a intenção de manipular a informação justamente contra nós?

Porque a mídia se apresenta como duvidosa e manipulada para a maioria das organizações feministas, mas quando se trata de nós, ela se torna uma fiel e verdadeira fonte de informação? Qual o acordo que existe por trás de uma mutação como esta?

Por esta razão, não há diálogo. Não há entendimento. Não é possível o diálogo quando apenas um dos lados se acha no direito de falar, e ser ouvido. Não há sequer liberdade QUANDO AS PESSOAS E ISTO INCLUI AS ORGANIZAÇÕES FEMINISTAS INSISTEM EM TAPAR A NOSSA BOCA E SE ACHAM NO DIREITO DE FALAR POR NÓS, SEM NUNCA TEREM CONVERSADO CONOSCO.

Algo para refletir...

Salam

O que nos ensina os peitos de Amina, a garota da Tunísia - por Nasreen Amina



Por Nasreen Amina

As últimas 48 horas foram ricas em lições de todo tipo. Todas elas provêm da polêmica que surgiu a propósito da suposta fatwa que condenava à morte a jovem tunisiana chamada Amina. O grupo "feminista" Femen espalhou a informação de que um clérigo muçulmano havia emitido uma fatwa contra Amina, condenando ela a uma pena de chicotadas e apedrejamento. A notícia se espalhou como um rastro de pólvora e viralizou como uma gripe.

Hoje, 22 de março muitas inflamadas defensoras dos direitos das mulheres vão marchar nas embaixadas da Tunísia pelo mundo, na ONU, ou onde for para exigir que não se aplique a pena de morte contra Amina por divulgar a foto no qual mostrava seus peitos nus.

Na Tunísia não existe pena de morte já que foi abolida no ano de 2011, sendo o primeiro país africano a abolir. Também esta nação é das poucas que consagrou a igualdade do homem e da mulher a nível constitucional. Não esqueçamos da massiva marcham das mulheres tunisianas exigindo esta mudança na sua Constituição no ano passado. Tampouco a Tunísia está entre os países que aplicam o apedrejamento, mas isto se pode deduzir usando um pouco de lógica: o apedrejamento é um castigo que causa a morte da pessoa. Se na Tunísia não existe pena de morte e isto quer dizer que ninguém é assassinado por decisão judicial, então como poderia existir apedrejamento legal se este causa justamente a morte do(a) acusado(a)?

Outra conclusão fácil de obter com um simples exercício de raciocínio e com a ajuda da Wikipédia, tem a ver com a condenação da mesma. A Tunísia possui tribunais civis, ou seja, não são os representantes das religiões, mas sim o poder público quem julga os cidadãos. Quando Amina foi presa? Qual o tribunal que formulou as acusações? Que juiz a condenou? Ninguém pensou nisso, nem em fazer o mínimo esforço para averiguar mais além. Os preconceitos foram mais fortes.

Em cada página onde a foto da garota com os seios de fora foi postada, os comentários contra os muçulmanos foram de uma virulência, ódio e desumanização que não se diferenciavam muito de qualquer discurso fascista de aniquilação de outros por ser diferentes. O grau de violência das expressões daqueles que alegavam defender a liberdade estavam muito próximos do discurso de ódio e de incitação a violência por razões religiosas. Apesar dos textos e da informação esclarecendo a situação [1] ter sido publicado em várias páginas e colocada na frente dos narizes dos ditos "Defensor@s dos Direitos Humanos", est@s não o leram porque não confirma suas próprias verdades assumidas sobre os muçulmanos.

Também deixou em evidência que o discurso de integração das mulheres muçulmanas da parte de outras mulheres sejam feministas ou não, ainda tem muito de discurso e pouco de vontade, ao menos no que se refere às redes sociais. Durante as últimas horas vi como as mulheres muçulmanas são castigadas com violência verbal e palavras e termos discriminatórios; em meio a verborragias pela liberdade, nos pedem que respondamos "moralmente" pelo que fazem os governantes e as autoridades religiosas nos países de maioria muçulmana.

Esta violência contra nós nas redes sociais é tão injusta quanto castigar as católicas pelo que fazem os padres pedófilos. É absurdo, mas assim é. É tão ridículo. Um idiota profere frases misóginas e outros, que se creem menos idiotas, em vez de perseguir o idiota que falou primeiro, começam a fazer caça as bruxas contra uma comunidade. A reação de islamofobia do caso de Amina na Tunísia se explica bem com a seguinte analogia: um leão ruge na África e as pessoas, em vez de tentar pegar o leão, começam a envenenar gatos.

A grande maioria das pessoas não nos escutam. Colocamos a informação a sua disposição mas insistem em negá-la como mentira e propaganda. Só serve a informação que alimenta seus estereótipos. Foi repetido muito que nós muçulmanas fazíamos propaganda e limpeza de imagem do Islã no Facebook. Isto apesar de não sermos donas da CNN, Fox News, Televisa nem controlarmos Facebook ou Twitter.

É curioso que para certo setor do ativismo os meios de comunicação não conspiram e se tornam fontes muito credíveis quando se trata de dar crédito a seus próprios preconceitos. Quando questionamos as verdades assumidas sobre nós como mulheres e sobre o Islã como nossa fé, só recebemos violência e maltrato, somos desautorizadas como possuidoras de um ponto de vista, somos tratadas como menores, ignorantes e incapazes.

Não é o governo da Tunísia, nem seus tribunais, nem a comunidade muçulmana quem quer cometer danos a Amina. É importante fazer esta distinção. Misóginos estão em todos os lados e certamente muitos cidadãos molestam uma mulher que se manifesta desta forma, mas são indivíduos. O que há que pedir através das embaixadas da Tunísia no mundo é que se aplique a lei que garante a segurança da garota contra as reações violentas que, aliás, podem ocorrer de todos os lados, porque machistas violentos sobram no planeta.

A propósito não posso deixar de mencionar meu profundo questionamento aos objetivos reais do grupo autodenominado feminista "Femen", o qual foi denunciado por muitas de seus ex-membros, assim como por distintas pessoas, como promotor da islamofobia, do neo-colonialismo, relação com grupos neonazistas e de ser financiado pela Cia. Se tanto lhes preocupa a segurança de Amina já contataram um advogado para interpor um Habeas Corpus?

Hoje vou ver como minhas "colegas" feministas marcham para reclamar pela não-aplicação de uma pena de morte que nunca existiu, apesar de que nós, as mulheres muçulmanas, termos entregado a informação correta sobre as reais dimensões do caso. Na próxima vez que escutarmos dizer a "@s libertári@s" que nós, as mulheres muçulmanas, não temos voz, saberemos que na realidade o que querem dizer é que não querem nos escutar. O preconceito justifica o duplo padrão. Um par de seios pode ser muito distrativo e um apedrejamento que nunca existirá vende mais que a verdade e a garantia de alguns minutos na Televisão Nacional. Um detalhe nada menor. No Chile é ano eleitoral.

O ocorrido com a notícia da suposta execução de Amina deixou em evidência o quão comprometidas estão as pessoas que se declaram "informadas" "libertárias" e "respeitosas" ao seguir seus próprios preconceitos, estereótipos e medos sobre o Islã.

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quarta-feira, 20 de março de 2013

"Buscai o conhecimento do berço ao túmulo..."


Mashallah!! Estou estudando e me aprimorando!

Faz tempo que não me dedico a escrever aqui no meu blog islâmico mas eu não estou parada.

Depois de muito tempo estudando sobre aqeedah, tawhid e a prática islâmica diária, além da leitura constante do Alcorão e leitura de livros preciosos como o Riadhussalihin, agora estou no início dos meus estudos de fiqh, e das 4 escolas islâmicas, e estou contando com a ajuda preciosa de irmãos no Islam que estão me orientando para a construção do conhecimento.

E isto certamente vai refletir aqui no meu cantinho islâmico.

É dever de todos os muçulmanos buscar sempre o conhecimento, estudar sobre o Islam é uma forma de louvar a Allah, dedicar esforço e tempo no aprimoramento e na construção do conhecimento islâmico é certamente louvável, e só pode fazer bem, tá bom? =)

Salam

Alguns esclarecimentos sobre nós mulheres muçulmanas


Bismillah... que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre o nosso amado Profeta Muhammad (salallahu alaihin wa salam).

A inspiração para escrever sempre me vem naturalmente e sempre me faz parar para escrever senão eu perco o fio da meada e eu agradeço a Allah, Subhana wa Taala, porque me inspira a escrever fazendo assim de mim instrumento de propagação do conhecimento acessível para todos, mesmo o pouco conhecimento que eu possuo até hoje, tá bom?

Este post provavelmente restará incompleto, ou provavelmente terá posteriormente algum complemento, eu não sei, sei apenas que escrevo para todos entenderem, de maneira simples e direta e sem complicar ou colocar muitas citações e coisas assim porque eu acho que na verdade o meu blog não se destina apenas à leitura do muçulmano que já construiu o seu conhecimento sobre o Islam mas principalmente para quem não conhece o Islam ou está conhecendo agora, ou talvez para quem acaba de se reverter ou está no caminho determinado por Allah para a Shahada.

Desta vez escrevo baseada em minhas experiências de sociabilização e eu percebo que muitas pessoas não sabem muito sobre nós mulheres muçulmanas em vários aspectos, vamos falar um pouco destes aspectos agora.

A primeira coisa que vou falar é sobre o ponto que mais chama a atenção sobre nós aqui no Ocidente: as nossas roupas.

Afinal de conta porque nos cobrimos? Porque usamos véus, roupas compridas, porque muitas vezes algumas de nós como eu mesma chegam a se cobrir inteiras deixando apenas os olhos à mostra?

Allah, Louvado seja, determinou para nós que seguimos o caminho da senda reta, homens e mulheres, a modéstia. Isto não é exclusivo para nós mulheres, mas também para os homens. Uma mulher tem em si por obra e determinação de Allah a personificação por inteiro do que chamamos de "awrah" e isto é determinado por Allah.

"Awrah", assim como todas as palavras em árabe, tem suas raízes em outros termos e você pode ler um pouco sobre a palavra aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Intimate_parts_(Islam) (texto em inglês) mas, em resumo, são as partes do corpo que não devem ser expostas publicamente por vários motivos e um destes motivos são os "atrativos" e sim, sim, Allah nos constituiu para sermos fisicamente "atraentes", além de outras coisas.

Neste sentido, enquanto homens são atraentes por outros motivos para nós, nós temos cabelos, corpos, e todos os atrativos que uma mulher tem, então nos cobrimos por modéstia, por recato sim, porque Allah assim determinou, em suas palavras no Alcorão, para sermos distinguidas enquanto religiosas, para sermos respeitadas, e somente por estes motivos.

Outras mulheres religiosas se cobrem também. Freiras se cobrem, monjas se cobrem, e isto é hábito de recato e modéstia. Homens também se cobrem ou deveriam se cobrir, segundo o que determina Allah, apenas não precisam de cobrir os cabelos, e muitas partes do corpo que nós precisamos.

Tá, mas e o rosto e as mãos? Bem, aí é outra história e não vou entrar nisto agora porque não há consenso no Islam sobre isto. Eu sou uma munaqaba, eu escolhi com muita consciência, alegria em meu coração e por vontade própria, cobrir o meu rosto e as minhas mãos, outras munaqabat não cobrem as mãos, e eu poderia muito bem ilustrar este post com a imagem de uma irmã sem niqab, não nenhum desmérito nisto, apenas ilustrei com a imagem de munaqabat porque eu sou uma munaqaba, tá bom?

Então se você ainda pensa que é opressão, esqueça!! Temos orgulho de nossas roupas, amamos os nossos véus, e eu nunca poderia sequer me imaginar sem as minhas roupinhas islâmicas fofas e confortáveis, Alhamdulillah!

Depois disto, vou falar sobre duas coisas específicas para homens que não são muçulmanos.

A primeira delas é: você não deve cumprimentar uma mulher muçulmana com beijo, ou com aperto de mão.

A regra é: um homem NUNCA toca uma mulher muçulmana. NUNCA MESMO. 

Eu convivo com muitas pessoas de diferentes nacionalidades e orientações religiosas no meu dia-a-dia, em especial no meu trabalho, e sempre noto que alguns homens ficam totalmente desconcertados e sem jeito quando estendem a mão para mim e eu me recuso a estender a mão também.

Em geral, em seguida eu dou a minha explicação e a maioria entende mas sempre fica aquela dúvida "será que ele vai ficar pensando que eu sou grossa ou mal educada?"

Não, eu não sou grossa nem mal educada, o que acontece é que nós mulheres dentro do Islam somos consideradas como uma jóia preciosa sim, ao contrário do que o que a mídia propaga, no Islam somos respeitadas, preservadas, e tratadas com muita proteção e respeito. A rigor não temos sequer a obrigação de responder ao cumprimento de um homem muçulmano desconhecido na rua, embora eu não pratique isto porque acho importante a união do cumprimento segundo o que nos ensinou o nosso amado Profeta Muhammad (saws). Ele nos ensinou que nos reconheceríamos no mundo todo pelo nosso cumprimento entre nós ("Assalam Waleikum" e "Wa Aleikum Salam"), e eu procuro SEMPRE praticar isto COM TODOS.

Mas, a regra para todos os homens, muçulmanos e não muçulmanos é: NUNCA TOQUE UMA MULHER MUÇULMANA, a não ser que você seja o marido dela, ou um parente como o pai, o irmão, etc...

Além disso, se você não é muçulmano e por alguma razão sente uma vontade imensa de "puxar conversa" com uma mulher muçulmana, se aproximar, enfim falando diretamente "jogar cantada" em uma mulher muçulmana, DESISTA, tá bom?

Porque nós mulheres muçulmanas

01) NÃO "FICAMOS";

02) NÃO NAMORAMOS, AO CONTRÁRIO NOIVAMOS, porque não existe o namoro no Islam, isto é haram (pecado);

e, finalmente...

03) ALÉM DE NÃO NAMORARMOS E NÃO FICARMOS MAS SIM NOIVARMOS, só nos relacionamos exclusivamente com HOMENS MUÇULMANOS, tá bom?

Então, desista, você não vai se aproximar de uma mulher muçulmana se não for um muçulmano, ponto e acabou.

Porque? Porque isto está determinado por Allah, Louvado Seja, no Alcorão.

A primeira vista, você que me lê pode achar que isto é desnecessário de se escrever... então tá, seja uma mulher muçulmana e vai andar na rua para você ver a quantidade de "cantadas" que ouvimos, além de outras coisas, tá bom?

Eu reajo de maneira simples, IGNORO COMPLETAMENTE. Se o sujeito insistir ou me incomodar, simples, eu chamo a polícia e ponto.

Bem, agora vamos a alguns esclarecimentos.

01) É preciso sempre lembrar que eu falo aqui do ISLAM, e de como é ser uma muçulmana que vive segundo o modo de vida islâmico. Se alguém não se comporta assim, Allah sabe mais e cabe somente a Ele o julgamento, mas é assim que deve ser segundo o que Ele determina para nós;

02) É importante esclarecer que o Islam não é uma religião, o Islam é o "Deen" e este conceito é algo um pouco confuso na cabeça de quem habita as terras ocidentas rs... Mais do que uma religião, o Islam é um modo de vida mesmo, completo, perfeito, equilibrado, ou seja, não sou muçulmanas apenas quando eu faço as minhas orações ou estou na mesquita, eu sou muçulmana até dormindo, comendo, vivendo, tá bom?

03) Existem muitos outros aspectos para falar sobre nós mulheres muçulmanas, e ao longo do tempo eu vou falando um pouco mais sobre isto

E ah, sim: não, não passamos o tempo todo rodeadas de ouro e dançando a dança do ventre, tá bom? =D

Que Allah abençoe a todos e os encaminhe à senda reta.

Salam =)