Pensando bem, é muito fácil usar um hijab.
Basta você comprar um lenço de bom tamanho, aprender a colocar ele sobre a cabeça, treinar um tempo e pronto, você terá certamente um lindo hijab.
Usar um niqab já não é tão fácil assim porque sim é menos comum do que usar hijab, mas se você reparar bem, também não é difícil. Basta você ter um niqab, ou então improvisar com a ponta de um lenço sobre o rosto.
Mas se você tiver um niqab, basta aprender a centralizá-lo no rosto, amarrar por trás da cabeça, e pronto! Você está usando um niqab.
Não há nenhuma dificuldade em passar a usar roupas lícitas, como saias compridas, abayas, blusinhas de manga comprida e que não marquem o corpo, ou mesmo chador ou isdal, do tipo dos que eu uso.
Demora um certo tempo até você conseguir as roupas certas, isto sim! Porque o Brasil não tem lojas que vendem roupas para muçulmanas, então você tem de pesquisar sim, procurar cada ítem, cada artigo com muito afinco em diversas lojas, testar roupas indianas, comprar via net ou de irmãs que vendem, encomendar algumas peças como o chador que não se acha facilmente no Brasil, mas resumindo tudo, é questão de tempo. Não conheço nenhum caso de muçulmana que se reverteu mas não pode continuar no Islam por falta de roupas adequadas.
Mas, muito mais difícil do que usar hijab, niqab, abayas e chador, é saber porque está se usando isto, atribuir um significado verdadeiro ao hábito de se usar as roupas, é fazer da mudança do guarda-roupa uma mudança de vida, da forma como você vive e vê a vida, uma mudança profunda em si mesma.
Porque o que mais vemos por aí são lindos hijabs vazios, abayas que parecem andar sozinhas, niqabs de olhos furados e vazados, almas perdidas em suas mesquinharias e hipocrisias que se cobrem talvez de vergonha de si mesmas, e disfarçam dizendo que são muçulmanas.
Um certo e conhecido cantor que se reverteu ao Islam disse certa vez uma frase que eu nunca esqueci: "Ainda bem que, antes de eu conhecer os muçulmanos, eu conheci o Islam!"
Porque uma coisa é o Islam, e outra coisa são os muçulmanos.
Hoje eu recebi um mail com a recomendação de passar adiante.
Vou fazer melhor, vou reproduzir o principal do texto dele aqui.
Diz o texto deste mail:
"Um dia durante o Salat Jummah, uma assembléia de 1.000 membros foi surpreendida por dois homens que entraram na mesquita, estavam cobertos de preto da cabeça aos pés e com metralhadoras nas mãos.
Um dos homens disse:
“Quem quer levar um tiro por Allah permaneça onde está.”
Imediatamente, a assembléia fugiu, e das 1.000 pessoas que estavam lá somente 20 permaneceram.
O homem que tinha falado tirou a capa que o cobria, olhou para o Imaam e disse:
“Sheikh, eu livrei-lhe de todos os hipócritas. Agora você pode começar o seu sermão.”
Os dois homens deram á volta e sairam."
Que pena que esta história não é uma história que acontece de verdade. Porque eu acho que ela deveria acontecer sim, em muitas mesquitas, em muitos lugares...
Allah, louvado seja, disse:
"Não vos espreiteis e nem vos calunieis mutuamente. Quem de vós seria capaz de comer a carne de seu irmão morto? Tal atitude vos causa repulsa! Temei a Allah, porque Ele é Remissório, Misericordiosíssimo"
(Alcorão Sagrado, 49:12)
E, louvado seja, disse também:
"Não sigas o que ignoras, porque pelo teu ouvido, pela tua vista, e pelo teu coração, por tudo isto serás responsável"
(Alcorão Sagrado, 17:36)
E, louvado seja, disse ainda:
"Não pronunciará palavra alguma sem que junto a ele esteja presente uma sentinela (que a anotará)"
(Alcorão Sagrado, 50:18)
Anas (R) relatou que o Profeta (saws) disse: "Na noite da Ascenção, passei diante de umas pessoas que tinham unhas de cobre, e com elas rasgavam os seus rostos e peitos. Perguntei para Gabriel quem eram aquelas pessoas. Ele me disse: 'São as que difamam outras pessoas, e atentam contra a honra delas' " (Abu Daoud)
(Riadhussálihin p.716)
Porque muitos e muitas em especial são aqueles e aquelas que batem no peito e dizem "eu sou muçulmano!" ou "eu sou muçulmana!"
Mas poucos e poucas vivem verdadeiramente tementes a Allah e segundo o que aprendemos como maneira lícita de viver dentro da religião, dentro da fé, dentro do Din, dentro do Islam.
Há aquelas em que a língua é como ferro em brasa e não para quieta, refletindo a sua escuridão de alma, o seu rancor perante a vida, a sua inveja, o seu vazio e desolação completa. E não suportam estas a proximidade de quem vive a vida com alegria e determinação, segundo o que nos ordena Allah, segundo o que nos ensinou o Profeta (saws).
Hoje temos sim no Islam boas pessoas, em especial pessoas que se reverteram à religião com amor e determinação. mas também temos espumas de água na praia, simples bolhas de ar que estouram e nada têm dentro de si.
Sim, há muita hipocrisia e mentira a bordo de lindos hijabs que passeiam socialmente pelas mesquitas, há muitas destas sim inclusive na minha mesquita.
E eu sei de muitas pessoas que se afastaram de tudo por conta da hipocrisia e falta de caráter destas que portam hijabs como adornos de época ou moda. Pior do que aquela pessoa que não tem conhecimento, é aquela que sabe e mesmo assim erra, porque é desta que certamente é cobrado o peso extra de seus desencaminhamentos.
Eu sei que tem muito disto por aí.
Mas eu não me abalo e nem me afasto da minha querida mesquita. Eu nunca farei isto.
Porque não vou lá para desfilar com o meu chador, eu vou lá para louvar a Allah.
Porque eu não uso niqab e chador para ser diferente ou dizer que sou mais do que alguém, ou sei mais do que alguém. Eu uso niqab e chador por submissão e temor a Allah, por amor a Allah, porque sou uma serva de Allah, e seguidora dos ensinamentos do Profeta Muhammad (saws).
Eu vou à mesquita porque eu sou apenas uma muçulmana, só isto, e nada mais, nada mesmo!
Que Allah tenha piedade das almas escuras que às vezes habitam hijabs. E que estas almas escuras e imundas percebam que se tornam de fato escuras quando com hipocrisia proferem a Shahada, mas na prática servem unicamente ao shaytan.
Allahu Akbar! Eu não sou assim! Ma sha Allah que não sou assim, eu sei pouco, sou apenas uma aprendiz, mas com o pouco que sei, e o muito que aprendo, sou verdadeira, sincera, e apenas procuro viver de fato dentro do Islam, com minha vida, com o meu proceder, com o modo como ando, como me visto, como durmo, como me alimento, como respiro.
Salam!