domingo, 2 de janeiro de 2011

O Sermão da Despedida


Muitas vezes ainda escreverei aqui no meu cantinho sobre o Profeta Muhammad (que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele), mas hoje eu quero deixar aqui transcrito um momento e um Sermão que sempre me deixam emocionada a cada leitura, a cada recordação.

São palavras que ecoam para sempre e que devem sempre ser mencionadas e lembradas.

O amado Profeta Muhammad (que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) nasceu em Maka na Arábia Saudita por volta do ano 570 do calendário gregoriano (DC) e foi um homem honrado e impressionante cuja sinceridade e honestidade sempre o caracterizaram entre seu povo muito antes do início do Islam e de receber as palavras de Allah por meio do anjo Gabriel.

Ele unificou toda uma nação, e era de fato Soberano depois desta unificação, mas não se colocava como Soberano ou Rei, e sim como o Mensageiro de Allah.

Sempre prestativo e atencioso, teve uma vida simples cuja posição econômica inclusive se deteriorou e muito desde o começo de sua pregação da Mensagem de Allah até o final da vida.

Nunca teve riqueza, ao contrário sua família levava uma vida simples. Como exemplo disto é citado que certa vez seu companheiro Umar (que a paz de Allah esteja com ele), um de seus amigos próximos e segundo Califa depois dele, esteve em sua casa e não viu nada além de uma cama de palha em seu quarto. Como víveres havia apenas uma tigela com meio Saa de cevada e um odre de couro com água pendurado na parede. Era tudo o que havia, em um momento em que metade dos árabes já estava sob seu comando.

Ao observar isto, Umar (que a paz de Allah esteja com ele) não se conteve e chorou. O Mensageiro de Allah (que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) indagou sobre o motivo de seu choro. "Porque não haveria de chorar? Cosroes e César desfrutam deste mundo, e o Mensageiro de Allah só possui o que eu posso ver."

Respondeu-lhe: "Oh Umar, não te comprazeria saber que isso é o que lhes toca a Cosroes e César neste mundo, e que no Além o prazer será somente para nós?"

O Profeta (que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) morreu em Madina, no ano 11 da Hégira. Antes disto, no ano 10, ele fez sua última peregrinação à Maka, e em Arafat pronunciou o Sermão da Despedida, que segue transcrito abaixo:

“Ó Povo, preste atenção, porque eu não sei se estarei entre vocês novamente depois desse ano. Portanto, ouçam o que estou dizendo com muita atenção e levem essas palavras para aqueles que não puderam estar presentes aqui hoje.

Ó Povo, assim como consideram esse mês, esse dia e essa cidade como sagrados, considerem a vida e a propriedade de todo muçulmano como sagrados. Devolvam os bens que lhes forem confiados aos seus legítimos donos. Não prejudiquem uns aos outros para que ninguém os prejudique. Lembrem que encontrarão seu Senhor, e que Ele pedirá contas de seus atos. Deus proibiu a usura (juros) e, portanto, todas as obrigações baseadas em juros devem ser renunciadas. O seu capital, entretanto, deve ser mantido. Não devem infligir nem sofrer qualquer injustiça. Deus julgou que não deve haver juros e que todo o juro devido a Abbas ibn Abd’al Muttalib deve, portanto, ser renunciado...
Tenham cuidado com Satanás, pela segurança de sua religião. Ele perdeu a esperança de desviá-los nas grandes coisas, então fiquem atentos para não o seguirem nas pequenas coisas.
Ó Povo, é verdade que têm certos direitos em relação às suas mulheres, mas elas também têm direitos sobre vocês. Lembrem que as tomaram como esposas somente sob a custódia de Deus e com Sua permissão. Se elas mantiverem os seus direitos então a elas pertence o direito de serem vestidas e alimentadas com gentileza. Tratem bem suas mulheres e sejam gentis com elas, porque elas são suas parceiras e ajudantes dedicadas. É seu direito que elas não façam amizade com quem não aprovem, e também que sejam castas.

Ó Povo, me ouçam com atenção, adorem a Deus, façam suas cinco orações diárias, jejuem durante o mês de Ramadã, e paguem o Zakat. Façam o Hajj se tiverem os meios.
Toda a humanidade descende de Adão e Eva. Um árabe não é superior a um não-árabe, nem um não-árabe tem qualquer superioridade sobre um árabe; o branco não tem superioridade sobre o negro, nem o negro é superior ao branco; ninguém é superior, exceto pela piedade e boas ações. Aprendam que todo muçulmano é irmão de todo muçulmano e que os muçulmanos constituem uma irmandade. Nada que pertença a um muçulmano é legítimo para outro muçulmano a menos que seja dado de livre e espontânea vontade. Portanto, não cometam injustiças contra vocês mesmos.
Lembrem que um dia se apresentarão perante Deus e responderão pelos seus atos. Então fiquem atentos e não se desviem do caminho da retidão após eu partir.
Ó Povo, nenhum profeta ou apóstolo virá depois de mim, e nenhuma nova fé nascerá. Reflitam bem, portanto, ó povo, e compreendam as palavras que eu lhes transmito. Eu deixo duas coisas, o Alcorão e o meu exemplo, a Sunnah, e se os seguirem jamais se desviarão.
Todos aqueles que me ouvem devem passar minhas palavras adiante muitas vezes; e que os últimos compreendam melhor as minhas palavras do que aqueles que me ouvem diretamente. Seja minha testemunha, Ó Deus, de que eu transmiti a Sua mensagem para o seu povo.”

George Bernard Shaw disse:
"Sempre tive um grande apreço pela religião de Muhammad, devido à sua maravilhosa vitalidade. É a única religião que parece ter esta capacidade de assimilar as fases mutantes da existência e que a fazem atrativa para qualquer época e idade - eu predisse que a fé de Muhammad seria aceita amanhã e já está sendo aceita na Europa de hoje. Os eclesiásticos medievais, por ignorância ou fanatismo, pintaram o Maometismo com as cores mais escuras. De fato, foram treinados para odiar, tanto a Muhammad, quanto à sua religião. Para eles, Muhammad era o anticristo. Eu estudei este homem maravilhoso e em minha opinião, longe de ser chamado de anticristo, deveria ser chamado de O Salvador da humanidade."

Paz...

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